Dos seis países precursores nos testes do árbitro de vídeo, o Brasil é o único que ainda não tem a tecnologia em seu principal campeonato nacional e aquele que menos realizou partidas com a possibilidade de revisão da arbitragem por imagens. Dos 20 países que já usaram o VAR alguma vez de 2016 até agora, o Brasil só o utilizou mais vezes do que um deles, o Qatar, como mostra o jornalista Marcel Rizzo, em seu blog no portal Uol.

Os números estão em um levantamento produzido pela Ifab (International Football Association Board), a associação que regula as leis do futebol e que, em março de 2018, incluiu o árbitro de vídeo nas regras do esporte depois de quase dois anos de testes. No início dessa semana, em um encontro em Londres, na Inglaterra, membros da Ifab dissecaram um mapa de onde a tecnologia está sendo utilizada.

 
 
 

No Brasil, até agora, foram somente 18 jogos com a possibilidade de rever lances que originaram gols, pênaltis e advertências pelo sistema de vídeo, entre 2017 e 2018: 14 da Copa do Brasil e dois de estaduais (Rio Grande do Sul e Santa Catarina) esta temporada, além dos dois confrontos finais do Campeonato Pernambucano, ano passado, quando o sistema ainda estava em teste.

Alemanha, Holanda, Austrália, EUA e Portugal, que com o Brasil ganharam o direito, em junho de 2016, de testar o VAR,  já usam o sistema em seus principais campeonatos nacionais, além de amistosos e confrontos de copas (torneios mata-mata). Somente a Alemanha, ao final da Bundesliga, sua primeira divisão, em maio de 2019, terá tido o VAR em 686 partidas — 38 vezes mais do que no Brasil.

O levantamento mostra que 20 países, além da Fifa, da Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) e da CAF (Confederação Africana), usaram o VAR ”ao vivo”, como a Ifab se refere ao procedimento em que há comunicação entre os árbitros principal e de vídeo com possibilidade, portanto, de alteração de marcação dentro de campo. São eles Alemanha, Austrália, Bélgica, Brasil, China, República Tcheca, Inglaterra, França, Itália, Coreia do Sul, México, Holanda, Polônia, Portugal, Qatar, Arábia Saudita, Espanha, Turquia, Emirados Árabes e EUA.

O Qatar, com oito jogos, todos na Copa do Emir é o que utilizou menos, seguido do Brasil (18). Até o México, que jamais participou de conversas e testes prévios do VAR, teve uso até agora em 27 partidas de seu campeonato nacional com o VAR. A Holanda, que com Brasil e Alemanha foi uma das três primeiras confederações a debater o árbitro de vídeo, já tem previstos 336 partidas até meados de 2019. Para o ano que vem, há confirmação de uso do VAR no país de 14 jogos no Campeonato Paulista, outros dez no estadual do Rio e seis no mineiro. Federações do CE, PB, SC, GO, RS e BA querem, mas precisam de autorização da Ifab. Para o Brasileiro da Série A vai depender do aval dos clubes que, como em 2018, debaterão principalmente sobre os custos. A CBF diz que estará pronta para dar condições de árbitro de vídeo na Série A e novamente na reta final da Copa do Brasil.

”As providências em diversas áreas estão sendo tomadas com a CBF investindo forte para disponibilizar o sistema. Em 2018, os clubes não aprovaram, mas nunca paramos de nos preparar. Tanto que foi feito na Copa do Brasil”, disse Sérgio Corrêa, coordenador do VAR na CBF.

Correa disse que houve todo um protocolo a se seguir da Ifab, com fases a se cumprir para os testes. Foi somente no segundo semestre de 2017, antes ainda de incluído nas regras do futebol, que foi liberado o uso em escala maiores de jogos, mas ainda em fase de observações. ”Não poderíamos fazer sem ultrapassar todas as fases”, disse ele.