Foto: Marcelo Gonçalves/FFC

É raro aqui na Flupress a gente fazer uma coluna falando de um jogador. Raro porque o futebol é um esporte coletivo e faz muito pouco sentido a gente atribuir sucesso ou fracasso a uma peça. Mas há situações de exceção, que exigem o registro.

Matheus Martins tinha 18 anos (hoje tem 19) e foi alçado ao profissional. Apesar dos pedidos do torcedor, até o meio do ano, sua minutagem era baixa. Não é nenhuma crítica a treinadores anteriores, parecia ser um caso de complementar formação, com minutagem gradativa. Transição cuidadosa de um talento das categorias de base.

 
 
 

Chega Fernando Diniz. E começa a revolução. Num elenco onde todos os contratados esse ano são reservas – exceto Fábio e Cano, que nem viria se o Ricardo Goulart assinasse – Diniz acha um 11 que começa rodada a rodada a encantar o país e fazer a torcida sonhar.

Nesse 11, um dos grandes destaques, era Luiz Henrique. Aberto na direita, no time que roda com todo mundo perto da bola, Luiz era o mais posicional. E o mais capaz no um contra um, no ataque de espaço, na velocidade em transições… Absolutamente fundamental num time que roda sem reposição para várias posições/funções.

E Luiz sai. E a gente olha pro elenco e não vê nada parecido. Não há substituto. E quem analisa esse jogo sabe que uma troca com mudança de característica desencadeia várias compensações. Nesse cenário, Diniz escolhe Matheus.

Dezoito anos ainda. Esse moleque, do dia pra noite, vira titular numa série A de Brasileiro e em fases mais agudas da Copa do Brasil, que é imensamente mais difícil que as competições sul-americanas.

Não só vira titular. Entra no lugar de uma das promessas mais badaladas do futebol brasileiro e no time sensação do país. Vocês têm a noção dessa responsabilidade? Vocês têm a noção do que cairia nas costas desse menino caso houvesse uma queda brusca no rendimento coletivo?

Mas não houve. O Flu segue forte. E segue, muito por conta do Matheus. Não possui as características do Luiz Henrique. E foi adaptado de modo a ressaltar o que tem de bom. A tática jamais poda o talento, ela serve para q o talento floresça num ambiente organizado. Diferente do Luiz, Matheus participa mais das fases do jogo.

Matheus dá suporte em saída de bola, ataca última linha defensiva adversária (olhem os dois gols de sábado, contra o Coritiba), faz apoio de primeira linha defensiva do Flu, tabela, carrega, está sempre dando opção de passe e dando algum tipo de suporte à coletividade.

Pra quem tem 19 anos recém completados, possui uma inteligência tática absurdamente acima da média. Nessa idade, jogador talentoso da sua posição quer driblar e fazer gol. Mas o futebol hoje exige participação em todos os momentos do jogo.

E Matheus entrega isso em todos os momentos do jogo. Arma, desarma, carrega, passa, finaliza… Colocou a enorme responsabilidade que assumiu no bolso e hoje é um dos pilares desse Fluminense lindo de se ver. Moleque é muito brabo.

Aplausos para Matheus Martins!