Fluminense fez cinco gols nos cinco primeiros jogos da temporada (Foto: Marcelo Gonçalves/FFC)

O Fluminense teve cinco minutos de muita dificuldade no início do jogo com a marcação adversária que buscava roubar a bola perto do gol. Foi rápido e depois tudo começou a se ajeitar.

Aos 12, Calegari, que participou de todos os lances que geraram perigo no primeiro tempo, acha Samuel Xavier sozinho com o goleiro do outro lado do campo. Cano estava solto do lado, mas o lateral optou pela conclusão e perdeu.

 
 
 

O Flu de 2022 estava de volta. A pressão do Resende já não fazia mais efeito.

Aos 19, saco. Calegari em outra boa virada acha Árias, bola na cabeça do Cano, que tenta o passe de cabeça pro meio. Bola resvala na zaga e entra.

E deu pra matar a saudade. Da inteligência absurda do Ganso, das arrancadas do Árias e do jogo coletivo de aproximação que todos conhecem. Os jogadores não esqueceram o idioma.

Ainda no primeiro tempo, Ganso deixa uma bola linda pro Martinelli, que acha Calegari (olha ele de novo) que acha a canhota do Cano, mas a bola sai. Fim do primeiro tempo.

Ganso sai com dor nas costas e Lima faz sua estreia.

E aí a forma de jogar mudou. Algo que já acontece desde 2022 sempre que Ganso está de fora.

Ganso é a referência maior do jogo aposicional que o Flu pratica com a bola.

O centro sobre quem os jogadores orbitam.

Quando ele sai, essa referência se perde.

O time acelera mais, a bola volta mais rápido contra o Flu e o time perde muito da sua identidade.

Se a gente puxar um pouco pela memória, na final do carioca de 2022, ainda sob o comando do Abel, o Fluminense é um time mais Fernando Diniz do que o próprio time do Fernando Diniz sem o Ganso.

É um caso raro de influência gigante da característica de um jogador sobre o modelo adotado. Parece que quem determina o modelo é o nosso maestro.

O segundo tempo não é tão bom. Uma bola parada na trave e uma grande jogada do Keno, que entrou bem no jogo. Allan erra o drible e dá aquela cavada clássica de entrar com a perna no meio da perna do adversário e provocar o contato. Pênalti, gol e 3 pontos na tabela.

Achei justo o Fernando iniciar o jogo com o time que terminou o bom campeonato que o clube fez ano passado. Dá um recado importante a quem chega de que a vaga deve ser conquistada.

Keno começou a conquistar a sua hoje. É questão de tempo virar titular. Foi contratado pra isso. E Keno é a chave hoje pra um outro problema que vejo no modelo.

A saída apoiada, mesmo sob muita pressão, tem como objetivo buscar o espaço nas costas da linha adversária que se adianta.

Só que ela é uma jogada de alto risco. Pra esse alto risco compensar, é necessário que esse espaço gerado seja aproveitado pelo próprio Fluminense, algo que não ocorre desde a saída do Luis Henrique.

Hoje o time toca, se arrisca, às vezes faz a bola chegar no espaço desejado e ali, por falta de um jogadores com força e velocidade, o time segura e recomeça todo o processo só que mais à frente. Definitivamente, não vale a pena.

O alto risco só se justifica quando existe potencial grande de criação de oportunidades.

Se o Flu não buscou, ou não quis, achar esse substituto do Ganso pra manter a forma de jogar sem o nosso 10, o Flu buscou esse jogador de ataque de espaço que pode corrigir esse problema. Buscou e investiu.

A ver se fez a escolha certa, se Keno será esse jogador, que tanta falta faz desde a saída do Luiz Henrique.

Terça tem mais. Dia de convocar o torcedor a lotar o maraca e mostrar que vai jogar junto por mais essas taças. Vamos!