Chama o despachante!

 
 
 

Temos lido já há alguns dias que o Fluminense está muito próximo de fechar com o Nenê. Como quase sempre, há dois lados para a gente digerir a hipótese. Ambos óbvios.

A primeira obviedade é que Nenê, apesar de estar em evidente fim de carreira, seria um jogador interessante para um elenco capenga. Se aceitasse colaborar sendo opção no banco em algumas partidas, se resolvesse seu problema crônico de relacionamento, se dedicasse ao Fluminense o tesão de jogar bola que parece estar perdendo…

É muito “se”.

Mas no meio de tantas hipóteses, há algo concreto: Nenê é muito mais bola que o Danielzinho (foi mal aí, garoto, eu sei que você nos lê). Sua chegada daria ao time mais qualidade e alternativas para um Campeonato Brasileiro que será duríssimo.

A segunda obviedade também precisa ser analisada: como investir em mais um jogador de certo peso se o clube não consegue pagar salários e direitos para ninguém, de atletas aos funcionários? Como o camarada que está com três meses de salário atrasado receberia a chegada do Nenê?

Um dos grandes receios que eu tinha com a chegada do Diniz era o vestiário. Todas as notícias davam conta de que ele o perdia nas equipes que treinava. Não no Fluminense. Qualquer pessoa dormindo percebe que o grupo do Fluminense está fechado no propósito de fazer o melhor possível neste ano. Isso está mais do que evidente. Nós, tricolores, conseguimos fazer esse diagnóstico com facilidade, afinal, já encaramos algumas equipes que abusavam do corpo mole.

Vale arriscar o bom ambiente? Para trazer o Ganso – que começa a jogar bola – eu não tenho dúvidas: vale e muito.

Já sobre o Nenê, me parece ser abusar um pouco da paciência dos jogadores.

Aliás, paciência com prazo de validade. Não há equipe no mundo que a mantenha acumulando meses e mais meses sem receber.

Hoje já li que os agentes do González não confiam na direção do clube e não enxergam com bons olhos a aquisição do passe pelo Flu. Semana passada passamos quase toda lendo as forçadas de barra do agente do Everaldo, doido para que seu jogador vá jogar em outro lugar.

Dá para condenar? Honestamente, dá para condenar?

Quase uma década de Flusócio. Fluminense está parecendo aquele camarada que se recusa a morrer depois de levar dez tiros. Graças a Deus.

O grupo que entrou prometendo modernização, estádios e boas práticas, entrega o clube sem dinheiro para honrar salários, com Laranjeiras abandonada e dependente daquela politicazinha paroquial que precisa manter com esportes olímpicos e outros grupelhos para não derreter na própria incompetência.

Abad nos pediu a gentileza de comparecer na sede para responder se queríamos ou não antecipar as eleições. Lá fomos nós. Foi enxovalhado com quase 90% dos votos. Mas como nada anda nas Laranjeiras, nosso querido presidente está lá, sob a justificativa oficial – vejam vocês! – de que o cartório está atrasando o processo. A culpa é do cartório.

Ora… se é isso não precisamos do Nenê, precisamos de um despachante.

Pra ontem.

Porque se demorar, vamos ficar sem Nenê, sem o fiapo de credibilidade que nossa história ainda nos concede, sem alguns jogadores que correrão para a justiça como o Scarpa, e, é claro, sem títulos, por mais um ano.

Diniz e os jogadores estão transformando pesadelo em sonho. Isso é do cacete.

Mas as notícias que vêm todos os dias das Laranjeiras insistem em nos chamar à realidade.

Dá um pulinho lá no cartório, Abad. E  Leve um despachante com você.

Abraços tricolores!

CURTAS

– Caio Henrique está jogando demais. Ainda tenho dúvidas se deve sair do meio. Creio que como segundo homem rende mais.

– E o Pablo Dyego? Sei que o tema é polêmico entre os tricolores, mas acho que merece mais chances. Quando entrou não foi mal, ao contrário, tenho boas lembranças de alguns jogos. É um cara forte, rápido, com bom chute. Queria que o Diniz tirasse um pouco os olhos do Dodi e colocasse no Pablo.

– Gilberto vem bem, né? Pensei que fosse demorar a se adaptar depois da lesão.

– Tem que atropelar o Botafogo no domingo e o Boavista antes na quinta. Atropelar. Se quiserem os motivos, procurem inspiração no genial Leandro Euzébio.

– O que Peter Siemsen – um cara que não escala o Flu do tricampeonato, que não conhece a arquibancada, que não vai ao clube em nenhuma ocasião, que sequer assiste aos jogos – está tentando fazer ao se meter na atual vida política do clube? O que ele deseja? Cartas para o conselho deliberativo.