(Foto: Lucas Merçon - FFC)

Tricolores, chegou o momento de termos uma DR que está sendo evitada pelo Fluminense há algum tempo.

Vou pedir licença para deixarmos nosso próximo adversário da Libertadores um pouco de lado para olharmos para dentro de nós mesmos. O time do Flu tem evidentes problemas de ordem tática e chegou a hora de conversarmos seriamente sobre isso.

 
 
 

Nos quatro jogos da Libertadores até aqui fomos dominados territorialmente pelos adversário e tivemos em média 35% de posse de bola. Não tivemos posse superior ao adversário em nenhum desses jogos. E saímos atrás no placar em três das quatro partidas.

Outro fato relevante é termos marcado 31 gols na temporada até aqui, dos quais 27 aconteceram nos segundos tempos dos jogos. É sintomático… Tal diferença revela claramente que o plano estratégico está sendo alterado durante os jogos com significativa mudança pra melhor.

Não podemos colocar todo o peso desses acontecimentos a um único fator, mas há uma claríssima verdade, que todos já conseguimos ver, e da qual não se pode mais fugir: Não dá mais para o Nenê.

Ele está atrapalhando. Sua presença tem resultado em um problema tático crônico que prejudica todas as fases do jogo coletivo do Fluminense. Nenê é escalado como meia central no esquema tradicional do nosso time, o 4-2-3-1. Mas Nenê não é meia-armador, é ponta de lança. Joga colado ao Fred e desequilibra tecnicamente da intermediária ofensiva pra frente…próximo à área adversária. Ficamos sem um armador pra criar jogadas, valorizar a posse de bola e buscar espaços na defesa adversária.

É completamente inviável ter um jogador com as características do Nenê pelo meio nesse esquema com dois atacantes abertos pelas pontas presos a esse corredor. Falta armação por dentro e nosso meio fica vulnerável na marcação com os dois volantes sobrecarregados tendo que cobrir uma área muito grande.

Vamos ser claros? O time tá espaçado demais, fica um buraco no meio, apelamos para a ligação direta entre defesa e ataque, e damos muito espaço no meio para a troca de bola adversária.

Defensivamente sofremos porque com Nenê e Fred é impossível marcar pressão na saída adversária por questões físicas. A solução seria avançar os pontas e encaixar o Nenê na segunda linha de marcação com os volantes…. Mas essa não é a característica dele. Então marcamos com linha baixa, duas linhas de 4 recuadas. Aí aparece o espaço por dentro com todos os adversários fazendo superioridade numérica contra Martinelli e Yago já que Nenê sobra na frente com Fred.

Na saída de bola outro problema. Nenê, por não ser meia, não dá opção no meio, sempre oferece opção de passe aberto pelos lados. Mas nossa saída de bola é com linha de 3 com Martinelli e os zagueiros. Com os pontas avançados só Yago dá opção de passe por dentro. Se não encaixamos um passe pelo lado, o time não evolui. Aí vem o chutão.

Mas jogamos atrás para sairmos no contra-ataque certo? Essa ligação rápida também não é característica técnica do Nenê. Ele nunca acelera a jogada como fez Cazares no gol da vitória contra o Santa Fe. Nenê não tem o passe e nem a visão do meia, por isso prende a bola, cava falta, ou toca pra trás em todos os contra-ataques.

Precisamos escalar esse time com um meia urgentemente e Cazares está pedindo passagem. O time sempre melhora com ele no lugar do Nenê. Até quando vamos negar o óbvio, Roger Machado?

Vamos pegar o Fla x Flu como exemplo. No primeiro tempo, com Nenê, tivemos 29% de posse de bola e acertamos 68% dos passes. No segundo tempo, com Cazares, a posse subiu para 42% e o acerto de passes para 81%. Mesmo sem ser brilhante, Cazares melhorou muito o time.

O constrangimento do nosso treinador na coletiva após o jogo quando foi feita a óbvia pergunta sobre a possível barração do Nenê é incompreensível. Por que Nenê não pode sair do time se até o Fred ficou no banco pro Evanilson quando voltou pro Fluminense? Com a palavra, Roger.

Pra não dizer que não falei das flores O Junior de Barranquilla vem com importantes desfalques no próximo jogo da Libertadores. Miguel Borja e Hinestroza estarão suspensos. Borja é a referência técnica do ataque, é o foco de todas as jogadas ofensivas e sua falta será extremamente sentida. Hinestroza, por sua vez, é fundamental na criação de jogadas, é quem mais dá passes para finalizações no time. O camisa 10 Gonzalez saiu contundido do último jogo e é dúvida para a partida.

Sem eles a aposta do Júnior deve ser nas jogadas de velocidade pelos lados com Pajoy e Cetré e nos chutes de fora da área.

Até!