O Atlético fez 7 partidas em casa no Brasileiro. Foram 4 vitórias, 1 derrota pro Palmeiras e 2 empates. Nos últimos 3 jogos, empates com São Paulo e Fortaleza e vitória sobre o Cruzeiro.

Se a gente pegar a escalação do Atlético e em como o seu treinador posta seu time, nota uma formação preponderante num 4-1-4-1 que pode trazer um grande perigo pro Fluminense e que pode também representar grandes oportunidades.

 
 
 

Explico.

Quando Vinicius, ex-Flu, vira titular a partir de bons jogos recentes, Rodrigo Santana já tem ali no meio Elias e Cazares, protegidos por um jogador de contenção (o bom Jair que é dúvida pra amanhã).

Vinicius, que foi contratado como meio campista central, acaba tirando o lugar ali pela direita do Luan (ex-titular) que disputava posição com Geuvânio. Dois jogadores tipicamente de lado de campo.

A partir da titularidade do Vinicius a configuração de funções muda completamente porque Vinicius não é ponta.

O quarteto por trás do Ricardo Oliveira passa a contar com Vinicius, Elias, Cazares e Chará.

O Fluminense joga numa formação um pouco diferente, com 3 meio campistas e 2 jogadores pelo lado municiando o Pedro.

Acontece que, com a bola, o Vinicius, por ser meio campista, faz o movimento pra dentro, não é veloz pra buscar o fundo, o que vai causar uma superioridade numérica do meio campo do Atlético caso essa movimentação do Vinicius não seja acompanhada com atenção.

Nesse movimento, o Atlético passa a ter 4 jogadores no meio e o Flu, um time que já tem muita dificuldade de defender sua área e imediações, continua com 3.

É absolutamente necessário que ou o Caio Henrique acompanhe essa movimentação individualmente, deixando o Marcos Paulo cuidando da subida do Patric (que sobe bem ao ataque) ou o Caio guarde sua posição pra pegar o Patric e o Marcos Paulo saia do lado de campo e se transforme num quarto homem, junto com Allan, Ganso e Daniel.

Do outro lado, Chará é mais agudo e, por vezes, busca o fundo, mas como é destro, também procura esse movimento pra dentro e o raciocínio acima é o mesmo para Julião e Yony.

Esse time do Atlético é muito perigoso do meio pra frente. Elias infiltra na defesa como poucos, é um cara que tem muita facilidade pra buscar espaço, Cazares é muito habilidoso e chuta bem demais de média distância, assim como o Vinicius, que nessa movimentação por dentro, fez um gol na semana passada.

Na reserva, Luan, Otero (outro que chuta muito), Geuvânio são os caras que podem mudar as características desse time do Atlético.

Por fim, a bola parada que vem sendo o maior motivo de gols do Fluminense.  Com caras que batem muito bem na bola, tanto o chute direto, quanto os cruzamentos (Rever, Ricardo Oliveira…) são sempre perigosos.

Agora as oportunidades.

O Atlético tem dificuldades sem a bola. É o décimo sexto colocado em desarmes no campeonato.

Cazares não marca bem, Elias já é um veterano e Vinicius vai ter muita dificuldade pra acompanhar o Caio Henrique quando ele subir. Em algum momento do jogo o Rodrigo (técnico do Galo) deve entrar com o Luan ou Geuvânio pra acompanhar essa subida.

O Fluminense, se conseguir emplacar em alguns momentos do jogo seu toque de bola e aceleração, pode trazer muita dificuldade pro time deles.

Por ter essa dificuldade sem a bola, o Atlético vai buscar essa marcação alta, ainda mais sabendo que o Fluminense adota a saída limpa. Fez isso contra o Botafogo pela Sul-Americana e teve sucesso com uma bola roubada dentro da área adversária.

Falando em bola dentro da área, Diniz precisa conversar com nossos meio campistas, que vez ou outra, vão ao lado do goleiro buscar a bola.

Nenhum time do mundo faz esse movimento. Isso não existe e só serve pra trazer ainda mais o adversário, isolar o ataque e deixar o meio campo vazio.

Alguém imagina o De Bruyne dentro da área do City buscando bola? Ou o Rakitic na do Barcelona? Não existe, é uma extravagância do modelo que precisa ter fim.

Colocar 6 ou 7 jogadores nas imediações da sua área pra sair com a bola só tem como efeito gerar um perigo completamente desnecessário pro seu próprio gol.

Tá ruim? Alonga no Pedro ou no Yony e busca a segunda bola caso tenha rebote. Na terceira bola longa, o adversário para de vir e dá pra sair limpo.

Pontuar amanhã é muito importante pra que o Fluminense não encerre essa rodada na zona de rebaixamento e aquela pressão chata sobre um trabalho que vem sendo bem feito volte a incomodar.

Se a gente pegar o Fluminense das últimas rodadas do Brasileiro de 2018, antes do Diniz assumir, e o Fluminense de agora, a evolução é nítida, cristalina.

Mesmo que os resultados ainda não tenham aparecido a contento, quem viu o fim de 2018, nota que esse Fluminense pratica outro esporte.

Nesse modelo, jogadores evoluíram, jogam o que nunca jogaram na carreira. E isso é fruto de trabalho bem feito e boas metodologias.

O Fluminense hoje é um time que desperta interesse. As pessoas procuram ver os jogos, os cronistas falam do Fluminense.

Tratar um trabalho, no cenário em que se encontra o Flu, apenas pela ótica do resultado de campo é um erro muito grande. Um erro que pode comprometer o futuro do clube a curto prazo, uma vez que, como disse acima, a evolução em relação a 2018 é flagrante.

E se há evolução, não há porque mexer.

Falando em mexer, o Cruzeiro mexeu. E ouvi falar que o nome do Fernando Diniz foi gritado por lá na última quarta-feira.

Não deixa de ser curioso o torcedor de um time que demite um bicampeão da Copa do Brasil pensando no Fernando Diniz.

Já aconteceu a mudança, levantar taça é legal pra caramba, mas é melhor fazê-lo desfrutando todo fim de semana de um time que busca o gol, busca jogar futebol, busca ser protagonista.

Todo trabalho de um treinador é limitado ou potencializado pela qualidade de seu elenco. No fim, o jogador é mais importante e quem decide efetivamente os jogos.

Mas ter um treinador corajoso, que inspire seus atletas a ser cada vez melhores, que saiba como fazê-los evoluir, que passe confiança ao jogador, ajuda demais.

E eu acho que o Fluminense tem isso hoje, mesmo com críticas pontuais, justas, que podem ser feitas ao trabalho.

Trocar treinador a cada sequência de maus resultados é o que faz todo mundo. Os melhores jogadores também são pinçados por quem tem mais dinheiro. O Fluminense não possui capacidade financeira, nem na base, pra disputar jogador com ninguém. Ele precisa fazer futebol de outras formas.

Ou o Fluminense se transforma de vez num desenvolvedor de talentos (acho que isso vale um post) ou assumirá de vez o lugar de time médio que só briga em duas frentes, Estadual (que somos roubados ano sim outro também) e Sul-Americana.

O que é pouco. É muito pouco.

Tabelinha

– Olho vivo na arbitragem. O que o juiz e equipe de VAR fizeram no jogo Atlético 2 x 2 Fortaleza foi uma das maiores sacanagens recentes do Campeonato Brasileiro.