Foto: Marcelo Gonçalves - FFC)

Ano passado, no momento mais decisivo da temporada, o Fluminense perde o André pro jogo de volta, depois de um empate com o Corinthians no Maracanã. Fernando Diniz tinha algumas opções pra substituir, contra um time com nomes como Roger Guedes, Renato Augusto…

Yago, Calegari e Wellington (eu não me lembro se o Alexsander, titular absoluto pouco tempo depois, estava disponível).

 
 
 

Os dois primeiros, atletas jovens, com mobilidade, poder de marcação, força. O terceiro, lento, pesado, sem capacidade de ocupar espaços.

A escolha dele? Wellington contratado e com contrato renovado pelo Mário, pra jogar no meio com Martinelli e Ganso. Wellington foi o responsável direto pelo gol do Renato Augusto que abriu o caminho da goleada de 3 a 0.

Ele ainda fez mais. No intervalo, sacou Wellington e entrou com Nathan. E depois sacou o Matheus Martins pra entrar o William Bigode e, tendo que atacar e subir a última linha defensiva achou boa ideia sacar o Manoel pra entrar o Felipe Mello. Um time lento, todo arregaçado, foi goleado impiedosamente e eliminado.

Aquele primeiro tempo foi a última vez que Wellington vestiu a camisa do Flu, nunca mais entrou, pra vocês verem o tamanho da incoerência.

Incoerência que se repetiu na última quarta-feira no Maracanã, numa das maiores irresponsabilidades que eu vi um treinador cometer com o Fluminense num momento vital pra história do clube.

Amigos, que escalação foi aquela? Quatro atacantes, com Marcelo, Felipe Melo e Paulo Henrique Ganso.

Diniz está no Fluminense há mais de um ano e resolveu, muito recentemente jogar com dois centroavantes e dois jogadores abertos.

Como eu disse ontem nesse espaço, até funcionou contra o Olimpia aqui, um adversário fraco que veio pra marcar baixo e não possuía jogadores agudos e bons na transição.

No jogo lá, até a expulsão, as melhores chances, duas no segundo tempo na pequena área haviam sido do adversário. Tudo isso com o Diogo Barbosa na lateral e não o Marcelo.

Pois depois de mais de ano de trabalho, depois de ficar quase 15 dias na seleção, o que o nosso treinador resolve fazer?

Coloca na semifinal da Libertadores, em casa, onde o Flu é muito forte, um 11 inicial que nunca, em tempo algum, iniciou um jogo no Fluminense. Um time que nunca havia se provado em campo e que, nem na teoria fazia o menor sentido.

Quatro atacantes, André e Ganso (voltando de longa inatividade) no meio. No lado esquerdo, completamente expostos, um zagueiro lento, sem mobilidade de 40 anos e um lateral, gênio, mas que chegou e não consegue entrar em forma. O resultado do primeiro tempo foi um Internacional muito mais organizado e que chegava com imensa facilidade.

O Fluminense até criou por conta de erros do Inter (que erra a saída de bola no gol) e duas boas jogadas individuais de Keno, uma arrancada do meio campo sozinho contra quatro jogadores adversários e uma tabela com Cano que ele perde na cara do goleiro. Keno, que fez bom jogo, tem feito bons jogos, mas peca demais no acabamento das jogadas.

Se o Fluminense criou três chances, os caras criaram ainda mais. Valencia escapa do Felipe sozinho, sai dentro da área e o cruzamento é interceptado, Marcelo erra um bote e Maurício chuta raspando, Valencia sai sozinho na área com o Felipe Melo marcando de longe e chuta cruzado pra defesaça de Fabio, Wanderson sai na cara do Fábio, Alan Patrick sai na cara do Fábio, Felipe perde a bola dentro da área e Ganso salva um gol certo… o jogo era um terror, cada transição do Inter era prenúncio de desastre.

E esse rombo no meio campo é responsável direto pela expulsão do Samuel Xavier. No primeiro amarelo Valencia carregava sozinho de frente, o que seria um lance de muito perigo.

E o segundo é auto explicativo. Valencia tenta dominar um chutão de cabeça, a bola escapa metros e não tem ninguém do Fluminense perto. Tudo isso no centro do campo e aí veio o carrinho desnecessário e a expulsão, que eu achei um tanto rigorosa pelos critérios que o árbitro vinha adotando.

E o show de horrores no primeiro tempo não para por aí. Sem Samuel, Diniz achou ótima ideia ficar mais 6, 7 minutos com quatro atacantes, um deles na lateral (Árias) num time que já estava completamente exposto.

Resultado? Bola na direita, Árias, que não é lateral, dá espaço enorme pro cruzamento e, nas costas de Keno e Marcelo sai o gol de empate dos caras.

Confrontado na coletiva sobre a óbvia mexida que ele não fez, resolveu fazer mais uma de suas grosserias e dizer que o Arias treina na direita. Treina tanto que ele faz o que deveria ter feito, volta com Guga.

E pra não dizer que tudo foi ruim, as mexidas no segundo tempo foram todas acertadas. Marlon entrou bem no lugar do Felipe Melo Alexsander, que não pode ser reserva nunca, deu o equilíbrio necessário no lugar do Ganso. E o Guga entrou no JK pra recompor.

Todas essas mexidas deveriam ter sido feitas assim que o Samuel foi expulso. Todas. Faltou o Diogo no lugar do Marcelo, pois pra se defender e fazer transições, ele é muito mais adequado. Marcelo falha na cobertura do segundo gol e é facilmente batido por Alan Patrick.

Pra terminar uma noite muito difícil pro torcedor, a gente ainda foi obrigado a ouvir uma entrevista coletiva de um treinador mascarado, arrogante que não consegue admitir seu equívoco e não aceita críticas.

O Fluminense sai vivo do Maracanã e tem condições de buscar o resultado lá. Mas é muito difícil acreditar nesse grupo em jogos fora de casa e num treinador que erra demais em momentos decisivos e, pior, não admite esses erros.

Talvez por isso tenha vencido só um Estadual na sua longa carreira como treinador. Fala tanto em coragem, mas falta coragem pra fazer o certo.

Se o Fluminense cair lá dentro, terá sido por conta do que se viu na última quarta no Maracanã. E essa eliminação terá nome e sobrenome: Fernando Diniz, que caminha pra ser aquele treinador que a mídia adora (porque não treina o time deles), que é ousado, divertido mas que não é capaz de fazer seus times campeões.

Aquele treinador que a galera gosta, que faz uma graça, mas não coloca faixa no peito. O treinador perninha!

TABELINHA

– O São Paulo jogou quase 200 minutos de decisão com o Flamengo. James Rodrigues, fora de forma, não entrou em campo. Dorival colocou mais uma faixa no peito.

– Pergunta pro ousadão: Por que na seleção você não escala dois centroavantes e desce o Neymar pra jogar com o Casemiro no meio?

– Quero ver fazer isso num mata mata copa do mundo. Vai lá, coragem.

– Partidas monstruosas de Fabio (o Flu só está na Libertadores ainda por causa dele) , André e Cano, os pilares desse Fluminense mesmo sem serem os maiores salários. Árias deveria estar nesse rol, mas foi encastelado no lado direito do campo e seu poder de decisão despencou de 2022 pra cá. Mais uma escolha absurda do Diniz.