(Foto: Marcelo Gonçalves/FFC)

Eu não vou gastar o meu tempo, nem o de vocês escrevendo sobre aquilo que a gente viu ontem no Maracanã. O empate com o Boavista, o jogo horroroso, a mediocridade apresentada, nada disso é motivo de preocupação. Pra quem se importa com o Campeonato Carioca, o Fluminense estará nas semifinais.

Eu também não vou gastar meu tempo, nem o de vocês, criticando a forma como a dupla Mário/Angioni (não) faz futebol. Desses caras, eu não espero absolutamente nada em termos de profissionalismo, planejamento, gestão. Sabem nada, são ruins. Ruins demais, como quase todos os cartolas por aqui, nesse futebol outrora melhor do mundo.

 
 
 

Sabe o pereba da pelada? Reclamar dele adianta? Não, né? A gente cobra de quem pode entregar. E aqui entra o Fernando Diniz.

Apenas pra contextualizar e lembrar os esquecidos, eu sou um defensor do nosso treinador. Quando era impopular defender o Diniz, eu sempre fiz questão de me posicionar que era muito bom treinador. Defendi, e defendo, seu trabalho no Fluminense em 2019, obviamente com algumas críticas.

Acho q seu trabalho no São Paulo, em torno de 1 ano após sua chegada, chegou no ápice e foi excelente, o que espero que aconteça no Fluminense ali pelo meio da temporada. E entendo que o 2022 do Flu foi um dos melhores que vi.

O sucesso de 2022 (um ano que começa com eliminações vergonhosas) está totalmente na conta do Fernando, cujo retorno foi o maior acerto do Mário no futebol.

Fernando tem uma virtude que pode ser seu maior defeito: ele não desiste do atleta. Nessa, ele demora muito pra tomar algumas decisões óbvias.

A insistência com Agenor, Airton, Bruno Silva em 2019. A insistência com um aposentado Hernanes junto com Dani Alves, Pato e Juanfran no São Paulo que custaram uma eliminação na primeira fase da libertadores. E agora no Fluminense.

E me pergunto se essa tal virtude é realmente crença no ser humano ou é falta de coragem pra fazer o que é certo. Não dá pra ser um treinador vencedor se você não é capaz de afastar jogador que não rende.

Diniz tá longe de ser um idiota. Longe. Diniz está vendo a completa falta de condições de Alan, Felipe Mello, Bigode, David Braz pra alta performance que o futebol exige. Todos estão vendo.

Reparem que eu nem estou falando de outros jogadores limitadíssimos tecnicamente que fazem parte do elenco. Prefiro me ater ao quarteto, até pelos altos salários que recebem. Todos ali foram bons jogadores. Felipe disputou Copa do Mundo, foi excelente. Mas é preciso reconhecer quando não dá mais.

Se o Campeonato Carioca é pra observar, desenvolver, testar jogadores, realmente são esses jogadores os caras que irão suprir a falta dos titulares?

Machuca o Cano num jogo grande entra o Alan? Sai o Keno joga o Bigode? O André é suspenso e o Felipe Melo cuida da frente da área? Vai repetir o absurdo que foi escalar Wellington contra o Corinthians? Time joga em bloco alto e o David Braz é realmente opção? Viram o gol do Boavista?

Estão trocando, emprestando, tirando espaço de jogadores melhores, com mais potencial pra ajudar do que esses caras.

Medalhões, decadentes, mas contratados por um presidente que não é gestor, é fã.
Medalhões, decadentes, mas com nome, peso no vestiário.
Não é fácil afastar.
Não é fácil gerir.
Mas o necessário, o certo, nem sempre é fácil.

Essa coragem Diniz precisa ter. E conta, ainda – porque futebol é dinâmico -, com o apoio de uma torcida inteira pra isso.

Afasta esses caras. Afasta quem não rende. Ouça o que o campo está gritando. Faça o que é certo. Vale pra todos. Ou isso, ou vai chorar ano após ano os títulos perdidos.

Fazendo tudo certo já é difícil ganhar, ainda mais num clube endividado e sem gestão profissional. Sem fazer o certo, é inviável, a não ser que o objetivo seja o cariocão.

TABELINHA
– André disputando bola no alto com David Braz fazendo sobra. Nem em pelada uma desorganização dessa acontece porque o óbvio é o mais alto disputar e o menor e mais rápido fazer a sobra.

– Aliás, o Fluminense vem mostrando, até com o time titular, alguns comportamentos que não vêm me agradando nesse início de temporada, mas esse é um assunto pra próxima coluna.