(Foto: Tibor Ory - Divulgação

Alvo de muitos questionamentos por parte dos tricolores, o Fluminense Samorin esteve em pauta na reunião do Conselho Deliberativo do clube, na última terça-feira, nas Laranjeiras. Nela, o diretor esportivo da base, Marcelo Teixeira, expôs os custos e também falou sobre o projeto na Eslováquia. Em postagem no seu blog, o Flusócio, grupo político do qual faz parte o presidente Pedro Abad apresentou números da empreitada tricolor e algumas outras novidades.

Uma delas é que o Fluminense pode adquirir a qualquer momento 66,7% do Samorin por um valor já estipulado anteriormente. O clube ainda busca investidores para dar sequência ao projeto.

 
 
 

Veja a íntegra do que foi exposto no blog do Flusócio abaixo:

“Flu busca parceiros para continuidade do Samorin

Na noite de 24/04/2018, o Conselho Deliberativo do Fluminense se reuniu para conhecer em detalhes o projeto Flu Šamorin, os objetivos e metas da iniciativa, os custos envolvidos e, embora a reunião não tivesse qualquer pauta sobre deliberação, também debater sobre sua continuidade do projeto devido ao momento financeiro da instituição.

A reunião se iniciou com apresentação do gerente das divisões de base do clube, Marcelo Teixeira, que durou cerca de uma hora. Ele detalhou todos os objetivos do projeto, as fases da implantação e os motivos que determinaram a escolha da Eslováquia como país sediar para a iniciativa tricolor na Europa. Na sequência abriu todos os custos, de forma muito transparente. A mesma apresentação já havia sido feita para o Conselho Diretor anteriormente.

A escolha do país se deu por uma série de fatores, sendo os principais o baixo custo de mão de obra versus a qualificação dos trabalhadores, a baixa média de idade do futebol praticado nas ligas do país, a posição privilegiada da Eslováquia no centro da união européia, a inexistência de casos de racismo contra imigrantes e o alto número de estrangeiros permitidos em cada equipe (cinco podem ser escalados simultaneamente).

Atuando na terceira divisão eslovaca, o Šamorin conseguiu o acesso para a segunda divisão na temporada 2015/2016, conquistando o título com alguns jogadores emprestados pelo Fluminense. Na temporada 2016/2017, a parceria amadureceu e o Flu iniciou nova fase do projeto, ao levar treinadores e auxiliares para capacitação UEFA, além de mais atletas para a equipe. Já atuando com o uniforme tricolor, o Flu Šamorin terminou em 4º lugar na competição. Na temporada 2017/2018, a equipe principal ocupa atualmente a 7ª posição na tabela. O elenco conta ao todo com 10 jogadores do Fluminense, sendo 3 profissionais e 7 jogadores com idade Sub-20. Alguns também atuam pela equipe Sub-19 do Flu Šamorin.

Do ponto de vista econômico, o investimento custa €$ 756 mil anuais, sendo €$ 156 mil referentes à folha de pagamento de atletas e funcionários do Fluminense que já estavam sob contrato. Portanto, de fato o custo anual do projeto é de cerca de €$ 600 mil euros, ou equivalente a 1,2% das despesas previstas no orçamento 2018 do clube (R$ 209 milhões), se considerarmos a cotação de R$ 4,22. A planilha de custos mensais do Šamorin soma €$ 63 mil, e foi aberta item por item, desde despesas com viagens até custeio com moradia, logística e alimentação.

Como modelo de negócios, foi explicado que o Fluminense negociou uma espécie de “arrendamento” da gestão do Flu Samorim por 10 anos, prorrogáveis por mais 10 anos, pelo valor de €$ 500 mil euros a ser pagos em 5 parcelas anuais de €$ 100 mil. Durante qualquer momento deste “arrendamento”, o Fluminense tem a opção de compra de 66,7% do clube por um valor predeterminado. Esta opção não foi exercida ainda por conta de dúvidas tributárias com a Fazenda. No atual modelo, o Flu também pode sair a qualquer momento.

Durante o período de gestão do Fluminense, a Prefeitura local também é parceira do projeto, arcando com despesas tais como energia, água e gás, por exemplo. Outro parceiro importante é o X-Bionic Sphere, um dos principais complexos esportivos da Europa, que fica na mesma região. Nossos atletas utilizam as instalações de academia, fisiologia e fisioterapia do X-Bionic sem qualquer custo, e o Flu Šamorin tem sido convidado para realizar amistosos e jogos treino contra equipes europeias que utilizam o complexo para realizar suas pré-temporadas, algo que também contribui para o desenvolvimento dos nossos jogadores. O último amistoso foi contra o Galatasaray, da Turquia.

Os objetivos principais do projeto são evoluir o desempenho de jogadores e treinadores de base do Fluminense, para que cresçam como profissionais e como pessoas, sendo expostos a novos padrões táticos, treinamentos baseados em certificações UEFA e uma nova cultura estrangeira. Além disso, foi informado que a existência do projeto Flu Šamorin tem sido uma vantagem negocial importante com famílias e agentes no momento de captação e retenção de atletas para a base e futsal do Fluminense.

Na parte das metas, são objetivos importantes capacitar os treinadores da base do Flu nas certificações UEFA e chegar na Série A eslovaca até a temporada 2020/2021. E a partir daí os objetivos passariam a ser mais ambiciosos, pois dos 12 clubes da liga principal, até o 4º colocado se classifica para as fases iniciais da Europa League, competição que possui elevadas premiações por partida. O primeiro colocado se classifica para as seletivas da Champions League.

Ao final da exposição, o Presidente Abad narrou sua ida recente à Eslováquia na busca por recursos de terceiros para ajudar na continuidade do projeto. O Flu realizou apresentação na câmara de Indústria e Comércio da embaixada brasileira na Eslováquia. Algumas empresas se mostraram interessadas, mas é preciso que propostas formais de suporte financeiro cheguem às Laranjeiras. O Flu também foi convidado, com todas as despesas pagas, para expor seu case na Soccerex 2016, maior feira mundial de futebol.

Ao final da apresentação, ficou claro para a maioria do Conselho Deliberativo que o Flu Šamorin como manda a tradição do Fluminense FC. Uma excelente ideia, talvez prejudicada pelo momento financeiro sensível da nossa instituição. Que a nossa diretoria empenhe esforços na busca por financiamento externo que possa apoiar este projeto, que é um diferencial em nossas divisões de base comparada aos nossos adversários. E se isso não for possível, caso o projeto seja mesmo descontinuado, gostaríamos de sugerir que parte expressiva da verba seja realocada para investimento anual na captação de talentos para Xerém, segmento do clube que vem sendo o principal esteio esportivo e financeiro do Fluminense desde a saída abrupta da Unimed em dez/2014.”