Irmãos chegaram ao clube para trabalhar na base e acabaram virando treinadores (Foto: Divulgação - FFC)

O Fluminense faz boas campanhas nos Campeonatos Brasileiros sub-20 e sub-17. Mas o que quase nenhum torcedor sabe é que as duas equipes são comandadas por irmãos. Eduardo Oliveira, do sub-20, e Guilherme Torres, do sub-17, chegaram ao clube para trabalhar no desenvolvimento da metodologia da base de Xerém e hoje atuam como treinadores.

Eduardo tem 38 anos. Guilherme é um ano mais novo. Os dois são filhos de Eraldo Torres, ex-ponta esquerda com passagens por clubes como America, Bangu, São Cristóvão e Americano.

 
 
 

— Não só a filosofia de jogo, mas o propósito do clube se encaixava: “Faça uma melhor pessoa, que você terá um melhor jogador”. Quando tivemos as primeiras conversas com a diretoria da época e eles nos mostraram esse propósito, já nos conectamos com o clube. Além do DNA do clube, de um jogo mais ofensivo, de mais agressividade, de buscar o gol a todo momento. Isso casa muito com nossa ideia de futebol. Nós atuamos como elementos facilitadores na construção da metodologia. Ela não partiu da nossa cabeça. Muito pelo contrário. Nós buscamos uma construção coletiva de todos os profissionais. E ficamos responsáveis por passar isso para o papel. Fomos os responsáveis por botar por escrito, mas as ideias vieram de todos os profissionais que estavam ali presentes, como Marcelo Veiga, enquanto coordenador técnico, os treinadores das categorias, os preparadores físicos… Todos os profissionais que vivenciavam Xerém há bastante tempo. E aprendemos muito com eles para conseguirmos fortalecer uma cultura que já existia ali – disse Guilherme ao ge.

Eduardo também teceu comentários a respeito da filosofia implementada no clube.

— O principal fator em qualquer sistema de trabalho é o recurso humano. E Xerém é referência. Sempre foi. E por causa das pessoas que lá trabalharam e trabalham. Todos que passaram por lá deixaram um legado. Alexandre Gama, Ênio Farias… E hoje estamos trabalhando com pessoas que estavam lá muito antes da nossa chegada: Ruy, Antonio Garcia, Orlando… Pessoas que estavam lá nos primórdios de Xerém. As pessoas que fazem Xerém funcionar foram o preponderante para que quiséssemos estar no Fluminense. Uma coisa é saber o tipo de trabalho que podemos fazer. A outra é sabermos que vamos evoluir porque as pessoas são muito boas. Todo dia que estamos em Xerém, crescemos. É conversa com os treinadores, com o André Medeiros, coordenador metodológico, com os fisiologistas, com psicóloga. Desde que o Flu falou conosco, pensamos: é o clube que temos que estar, porque cresceremos lá. Tenho certeza que não sou, hoje, em 2020, o mesmo profissional que era em 2017. E pretendo continuar evoluindo com essa interação – comentou.

Filhos de ex-jogador, ambos chegaram a almejar uma carreira dentro das quatro linhas. Eduardo chegou a atuar por pouco tempo profissionalmente pelo Panamá City Beach Pirates, da quarta divisão dos Estados Unidos, onde se formou em educação física e fez mestrado na University of West Florida.

— Eu era um zagueiro grande, que gostava de chegar junto, mas que gostava de jogar também. O futebol gerou para mim uma oportunidade muito legal que foi ter escolhido ir pros EUA com 20 anos. Uma decisão que me transformou como ser humano. Oportunidade de conhecer uma nova cultura, aprender uma nova língua, fazer uma graduação, mestrado. Toda vivência que tive no Brasil e lá é o que hoje balizam várias tomadas de decisão como treinador e de vida como pessoa – recordou.