Jornalista exalta: “O melhor e maior silêncio da história do Maracanã”

Mauro Beting fez texto emocionante sobre homenagem a João Pedro

Um sábado que será difícil de ser esquecido. Sob a batuta do técnico Abel Braga, o Fluminense entrou em campo, no Maracanã, e não deu chances ao Atlético-GO, batendo o adversário por 3 a 1. Mas o mais marcante ocorreu dantes do apito inicial. O minuto de silêncio, em homenagem ao filho mais novo de Abel, falecido na semana passada, foi de arrepiar. Jornalista consagrado, Mauro Beting, do portal Uol Esportes, fez um texto falando acerca do cenário.

Confira:

 
 
 

No Maracanã, vaia-se até minuto de silêncio e mulher nua. RODRIGUES, NELSON

O maior tricolor, o dramaturgo Nelson Rodrigues, não enxergava bem. Mas sentia e ouvia demais. E nunca ouviu desde 1950, e não se ouviu nem no gol de Ghiggia então, os 61 segundos de absoluto silêncio no primeiro minuto de silêncio que durou mais de um minuto e foi de silêncio absoluto no Maior do Mundo. Como é a dor de Abel sem João.

Eu nunca ouvi no Brasil um minuto de tamanho silêncio. O mesmo que Abel há uma semana ouve sem o barulho da porta de casa quando chegava João. Ainda bem que Abelão sabe que o Brasil o abraça como foi no Recife, como foi no Maracanã, e pelo seu Fluminense. Abraço mais do que silencioso. Respeitoso.

Já ouvimos de tudo em minutos de silêncio. Primeiro que não duram 60 segundos. Segundo que não tem nem silêncio.

Teve tudo isso. Silêncio e minuto. Terá muito disso na vida de Abel e família Braga. É preciso entender e respeitar. É preciso que a manifestação maravilhosa dos tricolores e de várias cores pelo Brasil também se entenda e se estenda não só ao cara legal que é o treinador. Mas também para muitos pais e filhos que merecem respeito e atenção.

O fruto de tudo o que fez Abel em campo e fora dele foi o carinho que se viu. E não se ouviu.

O melhor e maior silêncio da história do Maracanã. A torcida do Flu deu show não pelo barulho que fez. Mas pelo que não fez no minuto sagrado.

Futebol não se ganha no grito. O silêncio é campeão.