Cabral se respaldou por muito tempo na justificativa de exigências da Fifa para obras que desfiguraram o tradicional Maracanã (Foto: Reprodução)

As tais exigências da Fifa para a reconstrução do Maracanã nunca de fato foram uma verdade. É o que aponta o jornalista Lúcio de Castro. De acordo com sua apuração, havia recomendações da entidade, mas a desconfiguração total do estádio sob a alegação de que era uma determinação para a Copa do Mundo foi, na realidade, uma fraude de Sérgio Cabral.

O ex-governador do Rio de Janeiro modificou completamente o Maracanã para ficar com 5% da obra de propina e um anel para a esposa, ofertado por um empreiteiro.

 
 
 

Todas as mudanças feitas no Maracanã nunca foram exigências da Fifa, como a entidade não havia feito quatro anos antes, na Copa do Mundo da Alemanha, exigindo uma total repaginação do estádio de Berlim.

Arquiteto contratado pela Fifa como consultor técnico para o acompanhamento das obras nos estádios do Brasil, Carlos de La Corte chegou a dar entrevistas à época negando exigências por parte da entidade máxima do futebol mundial.

– Em algumas flexibilizações, por exemplo, de elementos como camarotes, área vip e setor de imprensa. A Fifa não engessa o caderno de encargos nem afirma “tem de ser assim”. Existem recomendações e algumas restrições, mas trabalhamos com flexibilidade, com argumentação e contra-argumentação no diálogo com os arquitetos e a entidade.
Há uma preocupação com a viabilidade financeira. Por exemplo: às vezes, o número de camarotes que a Fifa solicita não é o mesmo que a cidade propõe, e isso é discutível. Se, do ponto de vista financeiro, se justificar uma quantidade menor de camarotes, a cidade pode pleitear – disse ao ser questionado sobre o legado da Copa.

Nesta mesma entrevista, de La Corte também desmistifica outra farsa de Cabral. A necessidade de modificar a tradicional cobertura do Maracanã.

– A cobertura é uma recomendação, mas não uma exigência. A não ser nas áreas de imprensa, hospitalidade, vip e very vip. A análise em relação à cobertura é semelhante àquela que é feita para o setor destinado à imprensa: afinal de contas, qual será o destino dado ao estádio depois da Copa? Ele poderá cobrar um ingresso mais caro ou não”? – dizia.