(Foto: Mailson Santana - FFC)

Na tarde desta última terça-feira, o centroavante e ídolo Fred concedeu uma entrevista coletiva no CT Carlos Castilho, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. O camisa 9 deve ser titular no Fla-Flu desta quarta-feira, às 21h30, no Maracanã.

O artilheiro falou sobre o momento do Time de Guerreiros na competição, o objetivo de levar o Fluminense de volta a uma Libertadores, marcas pessoas e muito mais. Leia, abaixo, a entrevista coletiva do atleta na íntegra:

 
 
 

Está em melhores condições para seguir jogando bem como foi contra o São Paulo?
– Quando eu cheguei tinha o Evanilson. Acho que era natural eu não jogar mesmo, o moleque estava bem. Tive cirurgia e trauma também quando peguei o ritmo. Foi trauma, não muscular. Eu me sinto bem hoje. De um tempo para cá, estou conseguindo treinar bem, impor um pouco mais de ritmo, força, criar situações no jogo para fazer gols ou colocar meus companheiros em situação. Achava que era um processo natural. Fiquei treinando em separado lá na fazenda quase cinco meses. Isso com certeza iria demandar um pouco de tempo. Estou me cuidando e me sentindo bem. O momento é de todos se prepararem porque as 11 ultimas rodadas serão mais difíceis. Tem sempre alguém brigando por alguma coisa. Lá embaixo, título, Libertadores, Sul-Americana. Os jogos vão demandar muito e estou esperançoso de corresponder à altura.

Fla-Flu e postura
– Vai ser um clássico difícil, sabemos as qualidades do Flamengo. Mas acho que conseguimos enxergar alguns pontos que podemos sobressair no clássico. Estamos acompanhando alguns jogos, analisando as nossas qualidades. Podemos fazer um grande jogo e sairmos vitoriosos. O que temos de fazer para ganhar não só o Flamengo, mas todas as equipes lá de cima, é ter a humildade de defender bem e quando tiver a bola impor o máximo possível para fazer os adversários correrem atrás da gente, fazermos os nossos gols e sairmos vitoriosos.

Meta
– Início de ano, mas fim de temporada. Para mim vão ser os 11 jogos mais difíceis para todas as equipes. Temos de projetar quebrar a sequência ruim que estamos vindo. Temos de quebrar isso. Precisamos vencer, estamos olhando para cima e vendo que com a Copa do Brasil e Libertadores existe possibilidade de virar G7 ou G8. Temos nossos objetivos analisando geral, mas estamos pensando no clássico. Precisamos dar uma resposta rápida, recuperar nossa confiança e voltar a pontuar na competição.

Impacto da ausência do Marcão
– Péssimo. Quando pisei no CT ontem foi a primeira notícia que recebi, essa bomba. O Marcão, desde que assumiu, tem falado, orientado, tentado colocar as características dele e manter o que tem de bom do Odair. O bom que temos o Ailton, com quem temos intimidade, tem um linguajar com a gente como se fosse o Marcão. É uma perda grande. O que conversei com os jogadores é que teremos de liderar um pouco mais no campo, falar um pouco mais, para não perdermos essa liderança do Marcão.

Artilheiro dos pontos corridos. Chegar no Edmundo e Romário no geral…
– Meu maior sonho hoje é levar o Flu para a Libertadores. Faz oito anos que não vamos. É um objetivo palpável, é possível. É o objetivo que tenho hoje. Dentro disso, posso colaborar com os gols, é o meu papel. Se acontecer esses gols em 11 jogos, o máximo que puder fazer e me aproximar dos artilheiros… Não tenho essa motivação, mas se sair vou ficar feliz porque vou ajudar o Fluminense, vou quebrar a marca. Será bom para todos os lados.

Muitos jogadores acima dos 30. O que ajuda?
– Não só os experientes e rodados influencia, como só jovens influenciam para o bom ou ruim. A mescla é válida. Um ajuda o outro. Os mais jovens com força, ousadia, aquela vontade, ímpeto. A gente com experiência, cortando caminho, orientando, blindando os mais jovens nas responsabvilidades. Isso ajuda um ao outro. Eu me sinto dependente deles mais jovens e podemos colaborar. Hoje temos o Nenê, que é o destaque em número de jogos, participações em gols. É possível se você escolher ser atleta influenciar mesmo com a idade mais avançada. Quando entra em cmampo, todos têm responsabilidades. Todos precisam correr, marcar, são responsáveis por erros e acertos. E nos cobramos independentemente da idade. Entrou lá, cobramos igualmente. Estamos nos cobrando para voltar a vencer o quanto antes para buscarmos a vaga na Libertadores que tanto almejamos.

Já conversou com Marcos Paulo sobre a situação dele no clube? Como está a cabeça dele?
– O que eu mais participei de conversa com o Dodi, Miguel, Marcos, Evanilson. Demos exemplos bons e ruins. Contei um pouco do que passei no início no Cruzeiro, com algumas propostas e orientações de empresários para não ir a jogos e sempre o meu irmão optando, que era quem mais me orientava, a sempre treinar bem, fazer gols. Isso é a maior venda de produto que eu poderia mostrar. Isso que eu mais falo com eles. Que hoje eles têm 17 anos, amanhã estão com 23, 25, 28… Quanto mais jogarem e botarem a bola para dentro. O que eu acho é que é importante os jogadores criarem identidade com um clube e maturidade jogando num clube grande como o Fluminense. Sair sem fazer uma ou duas temporadas inteira, lá vão te tratar diferente. Brasileiro já sofre por causa da cultura do futebol, cabeça do brasileiro mesmo. Tem sempre o medo da adaptação. Meu conselho é jogar, fazer gols, dar seu melhor. Se der para ficar aqui, ótimo. Eles sabem que o Fluminense tendo resultado técnico, assim como todos os clubes do Brasil querem resultado, mas vão vender. Seria ótimo se jogassem, fizessem história e depois saírem bem vendidos. Assim fica bom para todo mundo.

Como pode contribuir para o time chegar à vaga na Libertadores?
– O que eu mais posso entregar é o que estou fazendo, seriedade, doação no dia a dia dentro e fora de campo, cobrança lá em cima, motivação também, ajuda para quem precisar. Podem contar no momento bom ou ruim. A maior dificuldade é a gente olhar para os resultados ruins e não afundar muito. Se pegarmos as mesmas rodadas do primeiro pro segundo turno, temos menos três pontos. Está parelha, quase a mesma coisa. Tivemos momentos difíceis no primeiro turno e superamos. O que estamos tentando mostrar para a galera é não absorver a pressão. Jogar solto, dar o seu melhor. Isso não tira a responsabilidade. A camisa pesa para todos nós. Vai ter de começar no clássico. Se vai ser possível ou não, vamos ver. A postura tem de ser a cada dia melhor, a cada jogo.

John Kennedy. O que já conversou e o que vê nele?
– Falei com ele duas vezes. Uma no sub-23 treinando com a gente uma hora antes e a gente sempre se tromba. Uma vez vi um treino da musculação, vi ele sobressaindo. Perguntei quem era aquele de cabelo pintado. Falaram que era o John Kennedy, que é bom. Eu tinha acabado de chegar. Depois subiu para treinar com a gente e demonstrou que estava fazendo a mesma coisa. Só falei que tem de continuar desse jeito. Ele pega a bola parte para cima, toma porrada, levanta. Jogador que quer fazer o gol. Tem potencial grande, todos já têm essa visão que logo logo nos ajudará. Estamos ansiosos para ver mais uma joia com a camisa do Fluminense se destacando no profissional.

O que representa o Fla-Flu? A comemoração do coração para a torcida é a preferida?
– Para a gente é o maior jogo, maior clássico nosso. Temos dois outros grandes adversários, Botafogo e Vasco, mas esse é o mais esperado. Ainda mais quando tinha torcida. Mexe mais com o torcedor, sabemos o que representa para o clube. Maior clássico nosso no Rio de Janeiro. Sempre bom fazer gols e ganhar. Essa comemoração me marcou desde a chegada. Jogar o coração. Estou ansioso para poder fazer novamente. Estamos ansiosos para que saia logo essa vacina e possamos voltar ao normal.

Virada de ano, mas com sequência do campeonato
– Tivemos de nos adaptar. Teve a paralisação. Não só no futebol, mas no mundo inteiro. Em todas as áreas, econômica, religiosa, social. Iria atingir o futebol. Acho que o futebol passou menos prejudicado, conseguimos fazer alguma coisa para voltar em segurança. Levar alguma coisa boa para quem acompanha. Para a gente é normal. Ficamos quatro meses sem jogar, sabíamos que teríamos de desdobrar para cumprir o calendário, que é importante para todos. Sofremos com isso em 2020 e temos de sofrer em 2021. Se Deus quiser vamos passar por isso para em 2022 estar tudo normal.