(Foto: Marcelo Gonçalves/FFC)

Nos últimos meses cresceu nos bastidores do futebol brasileiro a discussão para a formação de uma liga para a organização do principal campeonato nacional a partir de 2025. Dois grupos foram formados. A Liga Forte Futebol (LFF), da qual faz parte o Fluminense, e a Libra, que conta, entre outros, com Flamengo e Corinthians. Em sua coluna no Extra online, o jornalista Gilmar Ferreira destaca, inclusive, o papel do Tricolor na luta contra a soberania da citada dupla do outro bloco.

Gilmar Ferreira não crê em acordo para uma liga unificada e aponta o Fluminense, assim como Internacional, Atlético-MG e Athletico-PR, como os grandes opositores ao comando de Flamengo e Corinthians no que se diz respeito a arrecadação de receitas.

 
 
 

O jornalista faz uma recordação de que foi o Corinthians o principal interessado em implodir com o Clube dos 13 no passado para ter uma possibilidade de discutir individualmente os contratos comerciais e, consequentemente, arrecadar mais.

Veja a íntegra da análise de Gilmar Ferreira:

Discussões sobre criação da Liga dos clubes travam e ficam longe do acordo
Fluminense, Internacional, Athletico-PR e Atlético-MG e Internacional capitaneiam bloco contra liderança de Flamengo e Corinthians

Fervem nos bastidores da CBF as discussões sobre a criação da Liga dos clubes. Assunto chato para o torcedor, mas fundamental para a construção de uma nova ordem do futebol brasileiro. Rememorando: dois grupos se organizaram para tratar da remodelação do sistema de divisão do dinheiro arrecadado, entre outras questões comerciais. Um puxado por 11 representantes da Série A em 2023, outro por nove. Há mais de um ano sentados à mesa em busca da convergência de suas ideias, as principais lideranças dos blocos avançam num ou outro ponto, mas empacam quando o tema em questão é o dinheiro que caberá a Flamengo e Corinthians.

Desde que se uniram, em 2011, em torno da ideia de que deveriam receber um valor diferenciado das cotas de televisionamento, os dois clubes mais populares do país se desgarraram da maioria. O clube paulista foi um dos mais decididos a implodir o Clube dos Treze em busca de um acordo isolado e o racha acabou determinando a nova ordem. O Flamengo, negociando a venda dos direitos de imagem de forma independente, se estruturou de forma a não depender desta rubrica, e hoje recebe um dinheiro que o coloca num patamar superior. Significa o seguinte: qualquer que seja modelo adotado, os rubro-negros estarão no topo.

E é aí que surge o entrave para a unificação das ideias. O grupo que se opõe frontalmente à forma como será a divisão da receita, venha ela de investidores ou da venda dos direitos de imagem, não quer dar a Flamengo e Corinthians a premissa de serem Real Madrid e Barcelona brasileiros. E quatro clubes lutam ferozmente contra isso: Atlético-MG, Athlético-PR, Fluminense e Internacional – respectivamente, Sérgio Coelho, Mário Petraglia, Mario Bittencourt e Alexandre Barcellos. São líderes do bloco denominado “Forte Futebol”, oposicionistas radicais às ideias da “Libra”, onde estão Flamengo e Corinthians.

Infelizmente, não acredito mais no acordo. E acho mesmo que ao final do atual contrato de imagem com o Grupo Globo, em 2024, os blocos negociarão os direitos de imagem através da Lei do Mandante. E com a CBF se mantendo na organização das duas principais competições nacionais. Só aí teremos uma ideia real do poder de receitas de cada bloco, aferindo a atratividade de cada um deles. A menos que surja até lá um mediador capaz de fazer do futebol um bom negócio… para todos!