(Foto: Lucas Merçon - FFC)

O futebol paralisado, tal qual a maioria dos setores do país, por conta da pandemia de coronavírus. Presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, em entrevista ao GloboEsporte.com, falou sobre o planejamento para o retorno das atividades e como os presidentes dos clubes têm se comportado em torno deste assunto.

– Tem outros presidentes que também estão fazendo um bom trabalho nesse momento, tomando boas medidas. O fato de eu ser advogado ajuda, mas acho que mais que isso. Pelo fato de eu ter sido advogado do Fluminense por muito tempo. Em setembro eu vou fazer 42 anos. Eu entrei no departamento jurídico do Fluminense com 19 anos. Foram quase 18 anos trabalhando para o clube. Já fui interno e já prestei serviços para o clube. Conheço o clube como poucos. Então, conheço a maneira de funcionar e conhecia o processo de anos atrás. Eu fui o advogado que obteve o Ato Trabalhista em 2011. Conheço o Ato como se fosse um filme que já tenha visto 20 vezes. Isso me fez falar com o vice jurídico. Ele tem me ajudado muito. Todo o departamento jurídico, temos um grande time e nos reunimos sempre. Conversei com eles e perguntamos se não seria interessante entrar com uma petição para suspensão do Ato enquanto estiver no período de paralisação. Ele topou a ideia na hora. Como ele me sugeriu outras ações. Essas ações que estamos entrando, são coisas que eu tinha percebido antes da pandemia. Coisas de dinheiro preso que poderíamos tentar acordos com os autores das ações. Existem muitas situações de penhora que bloqueia aos poucos o dinheiro. Chega num momento do processo que você ainda pode embargar, recorrer, discutir valores, juros, correção. Aí o dinheiro fica preso. Nem você levanta, nem o autor da ação. Seja na ação civil ou trabalhista. Muitos anos de experiência, percebi que isso na gestão passada estava largado. Estavam deixando correr. Pedi que o pessoal fizesse um rescaldo. Eu tinha certeza que tinha dinheiro nosso parado para buscar e também parado para autores de ações. Que poderíamos buscar acordos. O momento da paralisação nos trouxe um argumento extra. Estou numa situação de penúria pela paralisação do mundo, tem dinheiro no processo, o autor da ação também em dificuldades, por que não buscar acordo e cada um pegar um pouco? Isso ocorreu naquele processo que é ainda da década de 90 do casarão, do espólio. Fizemos um acordo parcial. Eles ficaram com um pedaço do dinheiro e nós outro. Pagamos parte do salário. O processo não parou, fizemos uma suspensão por seis meses. Levantamos uma parte e daqui a seis meses terá uma rediscussão. Foi uma vitória que conseguimos. Estamos atrás de outra para tentar fazer um acordo com o Cavalieri. Tem dinheiro bloqueado lá e estamos buscando junto aos advogados dele fazer uma composição para dar quitação final ao processo. Não temos nem perspectiva de retorno de dinheiro, mas de equiparar o processo, parar de penhorar e ele aceitar o valor que já tem lá. Se tiver alguma quantia excedente, podemos tentar ter de volta conosco. Essa é a questão que estamos tentando no momento – disse.