(Foto: Lucas Merçon - FFC)

Em longa entrevista no programa “Globo Esportivo”, da Rádio Globo, na noite desta quinta-feira, o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, voltou a defender a postura do clube de ser contra a volta do futebol no momento delicado em que o Rio de Janeiro atravessa. A pandemia do coronavírus tem matado milhares de pessoas a cada dia. O mandatário ainda criticou, sem citar nomes, a postura egoísta de outros clubes, demonstrando preocupação com funcionários do grupo de risco.

– Em todos os países lá fora, o protocolo previu o futebol como uma das últimas coisas a retornar. Países que conseguiram controlar a pandemia estão voltando com o futebol, mas eles só começaram a treinar 30 ou 40 dias depois do pico. Aqui, os clubes estão voltando a treinar com uma faixa de milhares de mortes por dia. Temos que olhar os efeitos da pandemia pelo mundo e quais as condições precisam ser cumpridas para retomar. Vamos retornar quando? Quando as taxas forem “x”. Em São Paulo, a visão é essa. Os quatro grandes clubes estão sem treinar. Fizeram um pacto, para ninguém sair na frente de ninguém. Por que no lugar que tem o maior índice de pessoas morrendo (Rio), se quer reiniciar antes? Há uma forçação de barra nítida pra voltar o campeonato e eu não vejo sentido nisso. A CBF já acenou com a volta apenas em agosto, por quê o Carioca tem que voltar agora? Temos que discutir se é o momento de retornar mesmo com o pico da pandemia. Meus atletas vem de carro, mas meu massagista chega de ônibus, meu roupeiro vem de trem. Tenho vários funcionários no grupo de risco, com diabetes, hipertensos… Posso dizer para vocês que pelo menos 10 profissionais fundamentais da nossa comissão técnica fazem parte desse grupo de risco. A taxa de letalidade ainda é muito grande no RJ, e voltando eu aumento a possibilidade de meus atletas e funcionários pegarem. Não consigo ter esse pensamento egoísta de alguns clubes, sem citar nomes, de “Ah, tenho uma estrutura ótima e um CT ótimo, o que eu posso fazer se tem 15 mil morrendo?” – disse.