Fluminense está em 17º lugar no Brasileiro (Foto: Marcelo Gonçalves - FFC)

Nos bastidores, segue a incógnita a respeito de uma paralisação do Campeonato Brasileiro. Com o pedido de Fluminense e outros dez da Liga Forte União (LFU), além de um ofício enviado pelo Atlético-MG, da Libra, fora o Grêmio, a maioria dos participantes já se mostrou favorável à interrupção. Mas, noticia a ESPN, a CBF ainda resiste a tal opção.

O Conselho Técnico foi marcado para o dia 27 de maio. A CBF é contra a paralisação total de suas competições. Oficialmente, o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, repete que ouvirá a posição dos clubes e respeitará a vontade deles. Paralelamente, nos bastidores, a CBF se preocupa com interesses de parceiros comerciais e calendário. O comando se articula para impedir os jogos de serem adiados.

 
 
 

Com a maioria formada entre os clubes da Série A, Ednaldo e seus aliados trabalham para clubes das Séries B, C e D não fazerem a mesma opção. Assim, o presidente da CBF reforça que não faz sentido parar apenas uma divisão.

Sem consenso nas divisões inferiores, a CBF trabalhará para não interromper a Série A, mesmo diante da maioria.

Entre as argumentações, a CBF reforça que o adiamento geral dos jogos após o final de maio compremeteria o calendário. As Datas Fifa de setembro, outubro e novembro seriam utilizadas para jogos do Brasileiro, bem como qualquer nova intercorrência levaria o torneio a terminar depois da data prevista, prejudicando férias e outros compromissos.

Ciente do tempo necessário para tamanha articulação, Ednaldo e sua diretoria “empurraram” o Conselho Técnico para o dia 27 de maio, mesmo cientes da urgência do caso. Soma-se a isso o fato de o dirigente estar fora do Brasil até o próximo dia 18. Ele e uma comitiva de quase 20 pessoas representam o país no Congresso Técnica da Fifa que deverá confirmar a Copa do Mundo Feminina de 2027 em solo brasileiro.

Com uma gestão marcada pelo perfil centralizador de seu presidente, nenhuma decisão que envolva maior discussão será tomada diante de sua ausência física.

Outro argumento em que Ednaldo se apoia é a insegurança jurídica de uma paralisação às pressas do Brasileiro. Na visão do corpo de advogados que orienta a diretoria da CBF, um adiamento de jogos sem a anuência de todos os clubes poderia gerar brecha para uma enxurrada de ações judiciais questionando a determinação. A falta de uma unanimidade também joga a favor do tempo que a confederação precisa para postergar uma decisão definitiva.

Mesmo com parte dos principais clubes do país, opinião pública e Ministério do Esporte se opondo ao prosseguimento do campeonato, Ednaldo ainda se escora no número considerável de clubes de divisões menores ao seu lado e interesses comerciais para sustentar a posição da CBF e ressaltar que a entidade seria voto vencido em caso de paralisação.

Ainda que o jogo político seja “dinâmico”, como ressaltam aliados do presidente, a decisão de momento aponta que nada será mexido nas tabelas das competições da CBF antes de 27 de maio.

Por ora, a CBF segue com o adiamento apenas dos compromissos de times gaúchos na competição. O Fluminense, por exemplo, não jogará no próximo fim de semana, pois enfrentaria o Juventude.