Goleiro reserva, que vinha treinando todos os dias apenas para assistir aos jogos do banco, já que Júlio César, o titular, não dava oportunidade. Chegou ao Maracanã, provavelmente, com uma expectativa muito pequena de entrar em campo, a não ser na hora do aquecimento. Mas a oportunidade surgiu. E Rodolfo, que seria o último lembrado como opção para mudar alguma coisa no time, não só entrou em campo, como virou protagonista da partida ao defender o pênalti de Rodrigo Lindoso a pouco mais de cinco minutos do fim.
A vitória no clássico e a atuação decisiva já seriam suficientes, mas acabaram ficando muito pequenas diante da história de superação e da coragem do goleiro. Rodolfo não se recusou a falar sobre a dependência das drogas, que tanto prejudicou a sua carreira. E lembrou as vitórias diárias na sua batalha pessoal contra a dependência. Essas, sim, gigantescas. Fez questão de agradecer ao Atlético Paranaense por toda ajuda que recebeu na época em que esteve suspenso por doping. E completou com um agradecimento a Júlio César e aos demais companheiros, pelo apoio que continua recebendo.
Rodolfo pode não ter percebido, mas deu uma grande contribuição para todos, em especial aqueles que fazem do esporte o seu meio de vida. É fácil julgar e condenar as pessoas por um erro. Difícil é virar este jogo. Muitos tentam, infelizmente poucos conseguem. O adversário é traiçoeiro e o árbitro jamais apita o final da partida. O risco de um contra-ataque é diário. Um gol sofrido pode jogar por terra tudo o que foi construído até então.As declarações humildes e corajosas do goleiro ao sair de campo mostram o quanto ele já caminhou e quantas batalhas já venceu. Mostram também que tem plena consciência das que virão pela frente. Até o seu último dia de vida.
Parabéns, Rodolfo. Que a sua humildade e a sua coragem sirvam de inspiração para quem ainda acha que ser jogador de futebol é viver um conto de fadas.