Foto: Lucas Merçon/FFC

Nobres tricolores,

 
 
 

pelas redes sociais, escrevi antes do jogo e reforcei quando soltaram a escalação uma hora antes de a bola rolar: só o imponderável fará o Fluminense sair classificado de Montevidéu. Os três zagueiros lá estavam e, dessa vez, reforçados com dois volantes que têm como função primária destruir. Em suma, o Fluminense tinha cinco defensores em campo que cumpriam com razoabilidade, basicamente, o objetivo de não deixar o Nacional se criar diante de um Parque Central abarrotado. E isso porque precisávamos vencer.

O gigante uruguaio já não mete medo em ninguém no continente faz tempo. Intimida pela camisa, história, tantos títulos sul-americanos, mas futebol, bola no pé, não tem. E o Fluminense, que tão bem conhecemos, fez uma partida à altura de sua história.

Claro que não teve qualidade técnica. Bastava rever a escalação proposta pelo treinador. Mas os caras transpiraram. Uma organização em campo, uma concentração… Neste quesito, o Fluminense foi impecável. E teve em Gum, o símbolo, mais uma vez, do profissionalismo ao extremo.

Dizem que quem não gosta do Gum pode até entender de futebol, mas não entende de Fluminense. Não serei oportunista logo após uma inesperada classificação e dizer que morro de amores pelo zagueiro. Já escrevi algumas vezes que o tempo dele passou e que uma renovação contratual seria um retrocesso. Mas não há como admirar o carinho que esse rapaz, de boa índole, companheiro e honesto para com o clube e seu ofício, tem pelo Fluminense. Evidentemente que o Tricolor deu muito mais a Gum do que o contrário. Mas o zagueiro honra o traje que veste a cada salário, depositado ou não.

É um sujeito de carisma, sem ser forçado. Impossível não se emocionar com cada gesto, cada declaração de amor ao Fluminense em tempos tão difíceis, seja no futebol ou nesse mundão louco e desvairado. Gum gosta do Flu, gosta do torcedor e é um prazer ter a certeza disso.

O Fluminense conseguiu algo, até antes das 19h30, inesperado: satisfazer. Não porque o rival é inferior, não porque jogou por uma bola, algo expectado, não porque primeiro quis se defender para depois atacar. Mas porque mereceu ir às semifinais.

Reconhecidamente limitado, o Flu foi digno pra cacete. Os jogadores, seja por qual motivo fosse, honraram suas carreiras e a instituição. Noves fora os vacilos, que acontecem com qualquer equipe ruim, o Fluminense foi melhor do que o adversário nas duas partidas e escrever sobre traz deleite. Futebol é bola na rede e o jargão será eterno. Mas merecer é regozijante.

Dirão que o Nacional é fraco, mas a recíproca é verdadeira quando observamos a camisa verde, grená e branca. Dos piores, saiu o melhor e desvalorizar o feito é tão vil quanto não reconhecer que a superação é um dos temas mais apaixonantes do futebol.

Esse esporte é capaz de nos proporcionar coisas inimagináveis. Terminamos a peleja com quatro zagueiros e saímos classificados. Júnior Dutra lá estava trombando com os zagueiros do Nacional, com a bola, com ele mesmo. Matheus Alessandro correndo como sempre e perdendo gols como nunca. Não há como dar de ombros para tal fato. O imponderável também deu seu ar da graça. Porém, menos do que se supunha.

Acordar depois de uma classificação dessas traz um aprazimento inigualável. A sensação de bem-estar acompanhará até o próximo desafio. Daqui a alguns dias iniciaremos uma batalha contra um time, na melhor das hipóteses, do mesmo nível do nosso. A camisa é pesada, mas o favoritismo passa longe. O Fluminense atual deixa qualquer um desconfiado. Ganha, perde, ganha, perde, empata, ganhar, perde…Mas, por ora, deixa estar. Até lá, um descanso para Gravatinha e (breve) para os indignos. Vamos celebrar enquanto é tempo.

– Amigos fluruguayos Daniel e Francisco pé-quentes: três classificações seguidas por lá.

– Poderia ser menos difícil. Mas não seria tão épico.

– O Flu passou, apesar do treinador. A covardia não pode ser premiada sempre.

– Júnior Dutra, professor?

– Matheus Alessandro, não chore. Treine. Finalizações. Muitas vezes. Repetidas.

– Seis pontos. Que metade deles venha sábado.

 

Um grande abraço e saudações!

 

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