(Foto: Mailson Santana/FFC)

Saudações Tricolores! 


Toda terça estarei aqui no NETFLU rabiscando algumas linhas sobre a nossa grande e eterna paixão.
E no texto de estreia da coluna uma carta aberta ao Diniz (tomara que ele também leia).

 
 
 

Prezado treinador, a maioria entende que tabelar é muito melhor que dar chutão.
E que bola de pé em pé até o gol é o bonito do futebol.
Que é muito melhor, mas muito mesmo, jogar bonito e vencer do que jogar feio e sair vitorioso.
A máxima de que “a melhor defesa é o ataque” já existe há anos e sim…. nós perdemos isso na nossa essência. Virou importante demais “fechar a casinha”.
Jogamos fora o futebol-arte pelos títulos de resultado.
Tudo isso, caro treinador, o torcedor tricolor tem noção.
E te apoia. E até te aplaude.
A vontade saciada de ver o time jogar bem é algo que falta em muito torcedor por aí.
Hoje nós temos um pouco. E você ajudou nisso.

Mas tem outras convicções necessárias que devemos colocar em campo.
E é bom dizer que não há nada de novo no que você tem aplicado. 
No máximo, um resgate. Um belo resgate.
Um dia, como já disse antes, jogamos bola assim.
Perdemos Copas do Mundo… sim! É vero! Mas nos orgulhamos daqueles timaços.
E treinador… segura a marimba. Você não é um novo Telê Santana. E o Fluminense…
Pronto! Chegamos ao ponto.

Quando se tem um time afiado, dedicado e altamente técnico se implanta um sistema de jogo e em 90 por cento dos casos dá certo. 
Nos outros dez…perdemos nos pênaltis ou por causa de uma bola vadia.
E treinador… você, um cara inteligente,  acha que o Digão é o Luisinho ou o Edinho?
Que o Allan tem o toque do Cerezo ou do Falcão?
Bom…vou parar.
Você já deve estar irritado.
E sabe por quê?
Porque apesar de ser inteligente, de ter sido um bom jogador – com técnica – de estar lutando pelo bom futebol… você está sendo teimoso.

Não sei se é.
Não te conheço pra afirmar isso, mas está sendo.
A obsessão por querer mostrar que teu estilo de jogo vai dar certo de qualquer maneira tá te cegando.
E aí a inteligência dá uma guinada a 180 graus e vira tolice.
O verbo agora é ceder. Não teimar.

Ceda treinador.
Não pra virar um treinador retranqueiro.
Ceda pra entender de uma vez por todas as limitações que tem em mãos.
Primeiro porque sua defesa é frágil e este estilo de jogo a deixa ainda mais frágil.
Segundo porque seu ataque não faz a quantidade de gols que ajudariam a vencer os jogos em que as saídas de bola erradas proporcionam a felicidade dos adversários.

Não adianta culpar “em pensamento” o jogador que não fez o gol ou que errou o passe e dizer que o esquema de jogo é o certo.
Ser treinador… treinador… é muito mais do que implantar uma filosofia de jogo, é entender o próximo passo.
É saber que em dias de chuva se sai de casa com guarda-chuva e não de sunga de banho a procura de sol e praia.
Tem jogo…treinador…que deve-se jogar com quatro no meio-campo…com uma proteção para a defesa mais adequada.
Tem jogo que o lateral deve ser defensor mais do que ponta.
Em outros… aí você joga com 15 no ataque.

Aceite isso.
E faça a sabedoria ser mais preciosa do que sua inteligência.
Os números não mentem.
A campanha do Fluminense é ridícula neste Brasileiro. Oito derrotas em 14 jogos. 
Culpa do time mediano. Sim. 
Culpa das saídas e contusões de jogadores. Sim.
Mas se o treinador não entender também que não se faz caipirinha sem ter limão ou cachaça boa… vamos acabar todos acordando de ressaca.

E olha! a torcida tricolor entende de futebol mais do que você pensa.
Aprendeu na marra.
Ela já foi no fundo do poço por outros motivos… mas por teimosia em prol do bom futebol vai ser a primeira.

Esse time mediano do Fluminense se jogar com sabedoria… entendendo que jogar contra o CSA em casa é muito diferente de enfrentar o Palmeiras fora… pode dar caldo.
É só ter a convicção… de seus limites.

Abra os ouvidos e escute a brisa que ressoa nas Laranjeiras e que vem lá do alto, do Cristo Redentor.
Para a alegria do nosso torcedor e para o bem do futebol brasileiro. Senão o “joga feio e ganha” ficará ainda mais forte.