Nobres tricolores,


o Fluminense está atrás de reforços e, pelas palavras de seu diretor esportivo de futebol, Paulo Autuori, quer trazer, pelo menos, três jogadores: um zagueiro canhoto – foi específico – um meia armador ou de beirada e um centroavante. O nome deste último já é conhecido: João Carlos, da Cabofriense.

Aos 23 anos, tem passagens por clubes pequenos do Rio de Janeiro e pertence ao pouco conhecido Sampaio Corrêa, de Saquarema. Chega “credenciado” por quatro gols no Estadual deste ano, sendo dois deles em apenas um jogo, e tende a ser o reserva do Pedro.

É notória a necessidade de contratações para o time titular e analisando tecnicamente, trata-se de mais uma aposta de tantas que compõe esse elenco limitado quantitativa e qualitativamente.

Pedro terminou bem o Carioca, marcando não só gols, mas rendendo para o time. Atendeu os pedidos de Abel para simplificar as jogadas, melhorou no pivô, seu maior defeito até então. Precisa evoluir no posicionamento. De qualquer maneira, ainda não é jogador pra assumir de vez a camisa 9, principalmente num Brasileiro. Importante a aquisição de um atacante experiente para auxiliá-lo. Se não tem no Brasil, busca fora.

Mas o que mais chama a atenção nesse interesse em João Carlos é quem administra sua carreira. Através do alerta de um amigo, percebi que seu empresário é ninguém menos do que Fábio Braga, filho do treinador tricolor.

Após a trágica morte do irmão João Pedro, Fábio abandonou a carreira de jogador e, para se aproximar da família, montou uma empresa de agenciamento de atletas ao lado do advogado Lucas Trindade. Em rápida pesquisa constatamos que dos seus seis clientes, que constam no site oficial da 7 Braga Sports, quatro estão empregados no Flu e outro próximo de ser contratado.

O pai Abel, claro, é um deles. Perfeito. Assim como o goleiro Pedro Paulo, do sub-20, contratado do Globo-RN, de onde saiu Romarinho, indicado pelo técnico tricolor. O meia Rômulo, também da base do Flu, consta no portal da empresa, assim como o jovem goleiro Marcelo. Este, com uma particularidade. Se vocês não lembram, refresco a memória.

O menino de apenas 15 ANOS esteve na pré-temporada dos profissionais do Fluminense neste ano na Florida. Ficou no banco de reservas nas partidas contra PSV (HOL) e Barcelona (EQU) e os questionamentos são espontâneos, embora Marcelo só tenha assinado com a empresa de Fábio após a participação no campeonato amistoso.

Por que um garoto de 15 anos participa da pré-temporada de um elenco profissional? Se não tinha goleiros no grupo principal, já que Cavalieri foi dispensado e Matheus Philippe não teve o contrato prorrogado, porque não puxar alguém do sub-20, sub-19, sub-18 ou até do sub-17?

Marcelo é uma grande promessa da base? Arrebentou nos treinamentos? Para um jovem de 15 anos participar dos treinos com atletas profissionais pressuponho que estamos diante de um fenômeno. Com 15 anos, o menino ainda inicia a fase para a vida adulta. Ganhará mais alguns centímetros antes de completar essa transição, algo fundamental para um goleiro. Era mesmo importante, necessária a presença dele num torneio internacional ao invés de goleiros mais velhos e, teoricamente, mais prontos?

Voltando ao ponto central da discussão, o Fluminense está às vias de acertar a contratação de uma promessa para uma das posições mais carentes do elenco. E de quebra, sabemos  que trata-se de um jogador agenciado pelo filho do técnico. É isso mesmo? Acham natural trazerem um atacante desconhecido, supostamente destaque de um dos Cariocas mais fracos dos últimos tempos, com míseros quatro gols em 11 jogos (0,36 de média), empresariado pelo primogênito do treinador e não se preocuparem com a repercussão disso?

Se filho do Abel fosse, iniciando minha carreira como empresário de atletas, os primeiros clientes que teria, com certeza, não vestiriam a camisa verde, grená e branca. É evidente! Não quero criar problema para mim, muito menos para o meu pai.  João Carlos vai disputar posição com Pedro e pode até ser um bom jogador. Que aconteça, pois estamos precisando. Mas de que maneira isso será gerido? Como vamos crer piamente em idoneidade se o filho do técnico possui cinco dos seus seis clientes trabalhando no clube onde o pai tem carta branca no departamento de futebol?

Como pai que serei a partir de setembro, vou querer o melhor para o meu filho. Se ele inicia uma carreira, o mínimo que posso fazer é ajudá-lo, especialmente se vivemos no mesmo meio. Mas embora expectasse algum discernimento de Abel neste caso, devido à identificação com o Fluminense, a cobrança vai àqueles com cargo diretivo.

Como vamos acreditar em mérito diante de uma situação dessas? De tantos centroavantes que existem, especialmente apostas, o Fluminense traz justamente aquele agenciado pelo filho do treinador?

Há um incontestável conflito de interesses neste caso. Mas no Fluminense dessa turma não há qualquer receio com imagem, ética, moral. Nem com time. Olha só esse que montaram para a gente torcer! Definha o Tricolor…

– Por falar em sensatez, que tal o post do grupo político do qual o presidente faz parte?

– Flu campeão da Taça Rio: pedem reconhecimento da torcida.

– Flu eliminado pelo Vasco: cobram reforços experientes.

– Não há mais pudor.

– Autuori falou em três reforços. Precisamos mais que o dobro disso!

– Dois zagueiros, dois meias, dois atacantes de lado e um centroavante.

 

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Um grande abraço e saudações tricolores!

 

 

Obs: A assessoria de imprensa do Fluminense entrou em contato com o blogueiro para informar que Marcelo integrou a pré-temporada dos profissionais na Florida, pois os goleiros do sub-20 estavam à disposição para a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Além disso, Pedro Paulo, que havia sido escalado para a pré-temporada, se machucou na semana. Os arqueiros do sub-17 estavam de férias e não havia tempo hábil para tirar o visto e não poderiam viajar para os Estados Unidos.