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Nobres tricolores,

 
 
 

o ano de 2019 tem tudo para ser o mais sofrido dos últimos vinte. A tendência é sentir saudades desta temporada horripilante. Não há dinheiro, gestão e credibilidade. O Fluminense daquele que, enfim, será o último ano dessa turma nojenta no poder inclina-se para uma equipe, basicamente, formada por jovens e refugos. Mas o caminho para tornar a próxima época menos tortuosa é a coragem.

E é por isso que, entre os nomes viáveis, que se encaixam no orçamento e levando em conta o fator Abad e seus Flusócios, eu gostaria de ter Fernando Diniz no comando técnico. Claro que se trata de uma aposta arriscada. Após começo fulgurante, o técnico caiu em desgraça com uma imposição de estilo de jogo incompatível com os atletas que dirigia. Essa, inclusive, é a principal crítica ao seu trabalho.

Diniz quer ensinar zagueiros e volantes botinudos a tratarem bem a bola. Exequível. Mas leva tempo, artigo raro no futebol, especialmente o brasileiro e isso me faz lembrar do Mosca.

Mosca é o apelido não muito carinhoso dado a um grande amigo da Vila da Penha (Não fui o autor). Thiago, como era conhecido, até os 14 anos nunca havia chutado uma bola na vida. Nas peladas era o último a ser escolhido. Com o tempo, foi se aperfeiçoando. Inteligente, percebeu que se não consegue dar um passe de trivela, pode chapar a bola para o companheiro mais próximo. Se lhe falta a habilidade para uma inversão de 40 metros, é possível preencher os espaços com boa noção de marcação. De frente para o gol? Sem invenções: bicuda na redonda e seja o que Deus quiser. Não se tornou craque, mas hoje faz um feijão com arroz competente e inimaginável há quase duas décadas.

No futebol profissional sobram exemplos de perebas que, com muito treinamento e, sobretudo, paciência, deixaram a pecha de patinhos feios para virarem pomposos cisnes. Quem não lembra do Paulo César, lateral-direito, que foi à seleção pela esquerda? Ou mais recentemente do próprio Mariano? No maior rival, Juan, o zagueiro, quase parou no nosso Tricolor por empréstimo em 1997 devido à perseguição da torcida rubro-negra. O próprio Adriano. Grandão, desengonçado, canela fina… Foi zagueiro e lateral-esquerdo na base antes de “administrar” o Império Romano muito tempo depois.

Fernando Diniz não é mágico e não faria o Gum, no fim de sua carreira, sair jogando como o Thiago Silva. Evidente que com esse plantel o treinador não conseguiria desenvolver sua filosofia. Mas tudo caminho para a formação de um novo elenco. Nesse sentido, o ex-meia do Fluminense, com carta branca e conhecimento de quem sabe extrair dos atletas, poderia indicar jogadores menos conhecidos, de custo baixo, para fazer uso desse método de jogo.

Diniz fez o Audax e Oeste jogarem futebol. Incomodou os grandes paulistas. Fracassou no Atlético-PR, um clube de maior porte, mas a maneira de atuar da equipe paranaense segue muito semelhante. O time não dá chutão, mantém a posse da bola e trabalha bem os contra-ataques. Herança deixada para Thiago Nunes.

O temperamento precisa ser trabalhado. É um camarada estourado. Não foram raras as vezes que se estressou sério com atletas na beira do campo. É do tipo de cara que, quando não cumpre o combinado, manda o jogador tomar naquele lugar que ninguém gosta. Mas em clube grande, naturalmente, esse auto-controle precisaria se fazer presente.

Caso seja contratado (e não há nenhuma notícia por ora sobre isso, além de um desejo do blogueiro), acharia uma tentativa ousada e que fugiria do mais do mesmo. Ney Franco, Gilson Kleina e Jair Ventura, os nomes ventilados do momento, não apresentarão nada de novo.

O técnico que eu queria no Fluminense mesmo era Rogério Ceni. Mas com Flusócio é gastar cartucho. Deixa pra 2020. Entendo que Dorival Júnior, de saída do Flamengo, talvez se encaixe de imediato, pela experiência e alguns bons trabalhos recentes. Mas trata-se de um profissional caro, com mercado, e que, diante das notícias, está ciente de que o Fluminense não é o melhor lugar para trabalhar.

A realidade nua e crua é que, nacionalmente, o Tricolor é um clube menos interessante do que, pelo menos, nove agremiações. Jogadores se comunicam e, certamente, não recomendam o Flu a nenhum dos colegas. O Mais Amado do Brasil só gerará cobiça por quem deseja uma chance de aparecer e/ou aqueles que ainda pretendem mostrar algo na carreira.

Fernando Diniz se encaixa no perfil inicial. Talvez soframos. Aposta arrojada, incerta, perigosa. Mas entre coragem e a mesmice, fico com a primeira.

– Com boa vontade, Júlio César, Gilberto, Digão, Jádson, Daniel, Sornoza, Calazans e Pedro.

– Mas só de ler quais são os jogadores que retornam de empréstimo…

– Com o que está por vir, Nathan Ribeiro e Reginaldo sobram.

– #ForaAbad

 

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Um grande abraço e saudações!