Trengrouse não foi a evento em função do aniversário de seu pai

Um dos candidatos à presidência do Fluminense, Pedro Trengrouse foi sabatinado pelo site Sempre Flu, em Brasília. Pedro Abad já havia participado, com link ao vivo, disponibilizado pelo NETFLU. Confira abaixo um resumo das propostas do advogado, pertencente à chapa Verdade Tricolor, feita pelo colunista do site, Cezar Motta:

TORCIDA ENGAJADA

Pedro Trengrouse quer engajar o torcedor do Fluminense em toda a vida do clube, administrativa e técnica, por meio da internet. Segundo ele, hoje a televisão banca praticamente todos os clubes, com investimentos maciços, mas isso não deve durar por muito tempo. E deu exemplos das mudanças: as novas gerações, os adolescentes, não assistem mais à programação padrão das tevês, preferem meios como Netflix, Globoplay. A geração do milênio não vê mais televisão, vê youtube. O jovem vê futebol com uma segunda tela na mão, WhatsApp, Twitter, Facebook. A Ambev investe muito mais hoje em esportes nas redes sociais do que na televisão convencional. O Google é o segundo maior investimento em mídia no Brasil, perde apenas para a TV Globo. É a maior mídia do mundo, sem produzir conteúdo próprio. E hoje, no Facebook, o Fluminense é apenas o 19° clube do Brasil no Face, atrás até mesmo de clubes estrangeiros, como Barcelona, Real Madrid, Chelsea, Arsenal e Bayern de Munique. “Temos que ser os pioneiros na rede, porque o modelo de negócio está mudando em grande velocidade”, explica.
O candidato quer atrair mais sócios e dar-lhes acesso pelo celular e pelos notebooks a todas as atividades do Fluminense, desde treinos, entrevistas, jogos das categorias de base, preleções de técnicos no vestiário e até assembleias do Conselho Deliberativo e movimento financeiro do clube. Tudo estará disponível online. “Temos que mudar o modelo de negócio, para empoderar o usuário. O Fluminense tem que ser o seu torcedor, com suas características próprias, tem que fidelizá-lo”. Diz que não temos a maior torcida, mas temos que ter a mais fiel e engajada. Quer permitir ao torcedor influir até mesmo na escolha do treinador, usando a rede.

 
 
 

FONTES DE RECEITA

Pedro Trengrouse acha que o Fluminense, assim como todos os clubes do Brasil, está acomodado com a receita que obtém com cotas de televisão, venda de jogadores e patrocínios de camisa. Há potencial para muito mais. Ele vai encomendar à empresa Deloitte Brasil Consultorias um projeto completo de gestão para o clube, a ser executado por profissionais recrutados no mercado com base no curriculum vitae. A Deloitte vai investir gratuitamente em um modelo de governança específico para o clube. A própria Ambev tem um Programa de Excelência de Gestão. O Fluminense vai passar a ser uma empresa de entretenimento de alcance global, e não apenas uma entidade sem fins lucrativos, e a credibilidade pública e a garantia de que o dinheiro a ser investido no clube será bem utilizado e de forma transparente têm que ser absolutas – ou ninguém investe.
O Flu terá um plano estratégico de médio prazo, de três anos, o tempo de mandato de Trengrouse, e um de longo prazo, de 10 anos, quando o candidato espera que o Flu seja um protagonista do futebol mundial, e não apenas um clube brasileiro. Hoje, uma de cada três camisas de clubes vendidas no Brasil é de clubes estrangeiros, o que é um absurdo mercadológico. Trengrouse encomendou um estudo dos balanços do Fluminense nos últimos 13 anos, e ficou constatado que o Fluminense operou sempre no vermelho, gastando muito mais do que arrecadando, o que gerou um endividamento quase fatal para o clube. O único negócio lucrativo nesse período foi Xerém, com a produção de ótimos jogadores e que foram vendidos de forma lucrativa.
O Fluminense também tem desperdiçado a chance de receber verbas oficiais que ajudariam na formação de atletas olímpicos e patrocínios de estatais. Agora, com a tão esperada saída do Cadastro geral de Inadimplentes da União, finalmente, o clube começará a beneficiar-se dessas verbas.

FUTEBOL

A meta imediata de Pedro Trengrouse é levar o Fluminense a ser campeão mundial de clubes ainda em um eventual mandato seu, de três anos. “Seria ótimo receber do presidente Peter Siemsen o clube já na Libertadores do ano que vem, seria meio caminho andado”. O candidato afirma que, onde houver um escudo do Flu temos que ser campeões, não importa o torneio ou o esporte. Para isso, os atletas, sejam jogadores de futebol ou atletas olímpicos, têm que sentir que é o que a diretoria do clube quer e exige de todos, não se importa se eventualmente salários estejam atrasados, por exemplo – o que ele garante, porém, que não vai acontecer.
Trengrouse diz que tem a humildade de reconhecer que não entende de futebol, e que por isso todas as decisões do departamento serão tomadas por pessoas qualificadas profissionalmente. O professor João Paulo Medina, da Universidade do Futebol, será contratado, mudará para o Rio de Janeiro, e implantará um modelo semelhante ao do Barcelona – todo o futebol do clube, do infantil ao profissional, terá o mesmo estilo de jogo, de tal forma que se alguém vir o time jogando sem camisa, dirá sem dúvidas: esse aí é o Fluminense.
Para o candidato, o Fluminense tem que liderar um processo institucional que revolucione o futebol brasileiro, que livre os clubes das garras das federações e da própria CBF. “É um absurdo, uma incoerência total que a Federação de Futebol do Rio de Janeiro arrecade mais e seja mais rica do que os grandes clubes da cidade”, afirma. A Fferj é um palácio perto do Maracanã, principalmente comparada à sede da NBA e da Uefa, entidades multimilionárias, e com mais de cem funcionários apadrinhados pelo presidente da entidade. Pedro Trengrouse quer estimular ao máximo o crescimento da Primeira Liga, vencida pelo Fluminense em sua primeira edição, e para isso quer envolver também os clubes paulistas.

ESTÁDIO PRÓPRIO E MARACANÃ

O Fluminense tem que ter seus dois estádios, é a opinião do candidato. Um deles, o Maracanã, para os grandes jogos, as decisões, os jogos mais importantes. E um estádio próprio com capacidade para 20 mil pessoas, que é o máximo que o clube tem conseguido em seus jogos de rotina, sem maior apelo. A ideia de Pedro Trengrouse é realizar um estudo de viabilidade para o velho e tradicional Estádio das Laranjeiras antes de qualquer providência. Saber como o ativo pode ser utilizado, até mesmo com a construção de um novo estádio, ou uma arena, um shopping, enfim, o que for mesmo a vocação da área. O tombamento, que é municipal, seria facilmente revertido, porque foi decretado como uma medida preventiva contra um leilão judicial, uma penhora, para pagamento de dívidas.
Trengrouse, porém, levaria adiante um eventual projeto de estádio na Barra da Tijuca e viabilizado pela atual diretoria, que já negocia com algumas empresas um terreno e a obra. “Se isso for viabilizado, claro que tocaremos em frente, às vezes a vida nos surpreende em meio a outros projetos”. Quanto ao Maracanã, o destino do estádio está agora nas mãos de Júlio Bueno, ex-secretário da Fazenda, ex-candidato a presidente do Flu, e que agora é um assessor para projetos especiais do governador do Rio de Janeiro. Trengrouse prometeu que o Fluminense jamais será locatário do Maracanã, mas um protagonista, junto com o Flamengo, em parceria com a CBF ou com uma empresa especializada em eventos.

 
ESTRUTURA ADMINISTRATIVA

O modelo previsto no estatuto, com um presidente, um vice-presidente geral e vice-presidentes para cada uma das áreas, inclusive futebol, será mantido. Mas haverá uma administração descentralizada, com um Conselho de Administração ao lado do presidente. Abaixo deles, um Conselho Empresarial, um Conselho Parlamentar, e depois as áreas corporativas, com executivos contratados no mercado. Haverá a área do Futebol, dividida em profissional e de base; a de Ativos Imobiliários, com Laranjeiras, Xerém e o Centro de Treinamento; e o de Esportes Olímpicos.
Cada um deles terá liberdade para captar seus próprios recursos. “O presidente não pode cuidar de tudo no clube, é preciso descentralizar”, explicou, “e cobrar os resultados”. Tudo isso será implantado no dia seguinte à posse. Há ainda dúvidas se o futebol será transformado em Sociedade Anônima por ações, porque isso implicaria pagamento de tributos de que hoje o clube é isento. Xerém e os esportes olímpicos serão transformados em fundações, o que permitirá a captação de dinheiro, via doações etc.
Pedro Trengrouse quer também valorizar as grandes figuras do Fluminense, como ex-presidentes, ex-dirigentes e ex-jogadores. Lamenta que o Flu tenha a tradição de relegar seus ídolos e benfeitores. O atual vice-presidente de Projetos Especiais, Pedro Antônio, por exemplo, segundo ele, merece uma estátua. “Pedro Antônio será o que quiser em uma eventual gestão minha. Ele vai escolher o cargo. E será meu sucessor em três anos, é o candidato natural e quase obrigatório”, informou. Trengrouse tem para si também grandes ambições. Quer chegar a presidente da Fifa, depois de modernizar o futebol brasileiro. “Tenho 36 anos, energia, ideias, e me preparei a vida inteira para trabalhar com gestão e administração esportiva, trabalho muito, estudei muito. Por que não posso ambicionar isso?”