Alexandre Vilella contou alguns "perrengues" que passou (Foto: Arquivo pessoal)

O Fluminense esteve em campo 71 vezes na temporada. E um torcedor em especial acompanhou todos de perto. Seu nome é Alexandre Vilella, empresário de 56 anos e dono de uma loja de rock em Laranjeiras. Em entrevista ao site ge, ele contou sua história.

– Eu comecei a frequentar os jogos com 9, 10 anos. Em 1980, com 14, já ia a todos os jogos no Estado do Rio e em alguns pontuais fora. Mas a partir de 2008, no meio daquela Libertadores, comecei a viajar para todos, começando contra o São Paulo no Morumbi. E aí entrou um cenário de vício: já são 14 anos viajando. Mas ir a todos é muito difícil. Minha média era entre 70% e 85% das partidas. Em 2019, dos 69 jogos, fui a 63, e depois veio a pandemia. Mas esse ano consegui ir nos 71 – contou o torcedor, orgulhoso.

 
 
 

No ano, o Fluminense disputou 45 partidas no Rio (40 na capital e cinco no interior), 21 em outros estados e cinco em outros países. Contra o Junior Barranquilla, na Colômbia, Vilella sentiu na pele o reconhecimento dos demais torcedores.

– Na hora que estava chegando no estádio, veio uma porrada de gente falar comigo, tirar foto… Dei entrevista para canais de lá, fui o único torcedor que saiu do Brasil para ir nesse jogo. Havia mais três brasileiros, um que saiu de Miami (EUA) e dois que moram em Bogotá (Colômbia). A torcida do Fluminense era só nós quatro, três amigos do Cano de Medellín e a família do Arias, que é de lá (risos).

Mas acompanhar o Fluminense em todos os jogos não é nada simples. Foram mais de 60 voos em 2022 e uma estimativa de gastos na casa dos R$ 50 mil (incluindo passagens, aluguéis de carros, refeições e estadias). Ele criou um canal no Youtube, chamado “Vilella Viajante Tricolor”, no qual conta suas histórias e faz lives até nos estádios. Houve alguns “perrengues”.

– O que é mais difícil nisso é não ter intercorrências. Não é uma coisa tão fácil, o cara pode ser bilionário, ter um jatinho, mas dar algum problema. Ou ter um problema na família e não poder ir. Ter algum acidente, o avião não decolar… Eu em Belo Horizonte, por exemplo, fui para o jogo contra o América-MG e tive uma infecção intestinal. Voltei para o Rio devastado, no auge do desespero, cheguei e fui direto para o hospital. No dia seguinte tinha Fluminense x Avaí, mas falei que ia mesmo de fralda (risos). Não ia perder toda minha estatística por causa de um jogo no Maracanã, meu sarrafo ficou muito alto. Só que em vez de ir na Sul, como sempre faço, nesse fui no camarote de um amigo por causa do banheiro – contou, entre risadas, mas garantindo que nunca teve problemas maiores:

– Não, porque são muitos anos viajando para jogo. Faço um estudo de cada lugar que vou, vou sempre com muita preocupação e procuro ter cuidado. Vou antes, verifico, pego mapa… Às vezes alguns amigos vão comigo, daí monto uma estrutura da viagem. De briga, nunca passei por isso. E costumo brincar que meu portunhol é o melhor do mercado, timidez é a única coisa que me falta na vida (risos). Faço me entender e vou desbravando.

Durante a temporada teve outros problemas. Em duas partidas do Campeonato Brasileiro, o Fluminense enfrentou adversários em jogos de portões fechados por conta de punições do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). Foram os casos do Avaí, na Ressacada, e o Ceará, no Castelão. E aí? Como ficou?

– No do Avaí eu falei com uma pessoa do clube, expliquei a situação, falei do meu canal, aí liberaram para entrar como imprensa. Contra o Ceará consegui entrar no estádio, vi os jogadores chegarem… Só que a CBF me barrou, aí fiquei vendo pela TV do celular no carro no estacionamento, entre os ônibus dos dois times. Mas valeu, estava lá.

Por conta da quilometragem em jogos do Fluminense, alguns torcedores já até sugeriram que ele procure entrar no “Guiness Book”, o Livro dos Recordes. Vilella conta que também pensa em ele mesmo escrever um livro relatando suas histórias.

– Várias pessoas já me falaram isso, porque é muito difícil alguém ir a todos os jogos, mesmo do próprio time. Jogadores, assessores, presidente, massagista… Porque existe um revezamento. Torcedor não conheço ninguém que tenha ido a todos, nunca ouvi falar em nada parecido. Pode ser que tenha, mas o cara também pode estar mentindo. O detalhe é que eu tenho fotos, vídeos, prova de tudo. Mas não sei nem como faz isso (entrar para o Guiness Book). Se alguém me ajudar, vou achar legal. Mas vou fazer um livro disso. Um amigo me incentivou tanto, que vou me reunir com uma editora. Sem nenhuma finalidade de ganhar dinheiro, só para fazer o registro mesmo – falou.