TV reprisará Fla-Flu de 1995; saiba curiosidades do jogo histórico

Fluminense superou o Flamengo na decisão do Campeonato Carioca daquele ano com o famoso gol de barriga de Renato Gaúcho

Título de 1995 do Fluminense ficou para a história

No dia 17 de maio, a TV Bandeirantes reprisará o histórico Fla-Flu que decidiu o Campeonato Carioca de 1995, vencido pelo Fluminense. Na ocasião, o Tricolor superou o rival por 3 a 2 e Renato Gaúcho fez o gol da vitória de barriga. O jornal Lance listou curiosidades daquele duelo. Confira:

O Fluminense não sabia o que era comemorar um título carioca desde 1985. Para sair da fila, depositou suas fichas em Renato Gaúcho, que vinha em baixa após uma passagem mal-sucedida pelo Atlético-MG (na qual não decolou na “SeleGalo” que tinha astros como Gaúcho, Luiz Carlos Winck e Neto).

 
 
 

Outro jogador no qual o Fluminense apostou foi Ailton. O meia, que vinha do futebol asiático e no início de 1995 teve sua volta ao Flamengo rejeitada por Kléber Leite, ajudou a dar o toque de bola do Tricolor das Laranjeiras. Curiosamente, na súmula do jogo decisivo do Estadual, o terceiro gol do Flu está creditado a ele. Ao L!, o meia disse em 2017: ‘Lá está escrito o meu nome. A imagem pode até dizer o contrário, mas eu vou contestar? (risos)’.

Djair, que tinha passagens por Botafogo e Internacional, foi outra aposta do Flu para a temporada. O volante não só ajudava a conter o ímpeto dos adversários, como também engatava as jogadas para o ataque.

O Flamengo não poupou esforços na busca por fazer bonito nos seus 100 anos de fundação. Herói do tetracampeonato mundial pela Seleção Brasileira, o melhor jogador do mundo foi repatriado para ostentar a camisa 11 do Rubro-Negro, e chegou com direito a desfile em carro aberto em janeiro de 1995.

Outro tetracampeão mundial desembarcou na Gávea: Branco, lateral-esquerdo que fez o gol decisivo nas quartas de final de Brasil e Holanda. O Flamengo ainda trouxe o zagueiro Jorge Luiz, os meias William e Mazinho Oliveira e contratou o técnico mais valorizado do futebol brasileiro: Vanderlei Luxemburgo.

Os rubro-negros confiavam ainda no promissor Sávio. O “Anjo Loiro da Gávea” cedeu a camisa 11 para Romário e iria formar o “Ataque dos Sonhos”.

O Baixinho estreou pelo Flamengo com pompa. No Serra Dourada, ele ostentou a camisa 100, em amistoso do Flamengo contra a seleção do Uruguai. Ele passou em branco e foi substituído para entrada de Rogers. Coube a Nélio marcar para os rubro-negros, mas os uruguaios arrancaram o empate em 1 a 1 no finzinho, com Dorta. Romário fez seu primeiro gol pelo clube na vitória por 3 a 0 sobre o Americano.

O Fla-Flu do primeiro turno, em 12 de fevereiro de 1995, marcou a estreia oficial de Romário com a camisa 11 flamenguista. Entretanto, um nome tricolor roubou a cena: Lima. O zagueiro, que era uma das novidades da equipe para aquele ano, não desgrudou do Baixinho e garantiu um empate em 0 a 0.

No mês seguinte, o Flu ignorou os astros do Fla. Renato Gaúcho abriu o placar para o Tricolor. Jorge Luiz empatou mas, em seguida, marcou um gol contra e pôs o Flu em vantagem. Leandro Silva decretou a vitória por 3 a 1, que tirou a invencibilidade do rival no Carioca.

O Flamengo seguiu mais cotado para ganhar a competição, e chegou com tudo no Octogonal Final: tinha três pontos extras. Além de ter ficado na primeira colocação nas duas fases iniciais, a equipe conquistou a Taça Guanabara. Botafogo e Vasco entrariam com um ponto extra na reta final. Já os tricolores teriam de suar um bocado para lutar pelo título.

O primeiro Fla-Flu do Octogonal foi incrível. Mazinho Oliveira abriu o placar a um minuto para o Fla. Ézio igualou cobrando pênalti aos dez. Sávio balançou a rede, Renato Gaúcho anotou o seu e Marquinhos fez 3 a 2 para os rubro-negros. Tudo no primeiro tempo! Mas Rogerinho entrou e mudou o rumo do jogo, com dois gols: 4 a 3.

A batalha final do Carioca foi cercada de reviravoltas diante dos 112 mil torcedores. O Flu precisava da vitória para levar o título, enquanto o Fla se garantia como campeão com um empate. Mais impetuoso, o Tricolor fez um primeiro tempo avassalador e abriu dois gols de vantagem. Renato Gaúcho finalizou rasteiro e marcou o primeiro. Logo depois, o camisa 7 arriscou finalização e, no rebote de Roger, Leonardo marcou o segundo gol.

O panorama começou a mudar aos 26 minutos do segundo tempo. Romário aproveitou uma brecha e marcou pela primeira vez contra o Fluminense em sua carreira. Durante a comemoração, jogadores dos dois times trocaram empurrões. Sorlei, do Flu, e Marquinhos, do Fla, foram expulsos pelo árbitro Léo Feldman.

Com postura ofensiva devido às entradas de Mazinho Oliveira e Rodrigo Mendes e um jogador a mais (Lima também foi expulso), o Flamengo chegou ao empate em um golaço de Fabinho. O meia recebeu na área, iludiu dois marcadores e chutou no cantinho de Wellerson. Os tricolores ainda tiveram mais um expulso: o lateral Lira.

Faltavam três minutos quando o Flu fez uma investida. Ailton, em grande jogada, cortou a marcação e chutou forte. A bola bateu na barriga de Renato Gaúcho e parou no fundo da rede: 3 a 2. O volante Djair contou em 2017 ao L! sobre sua sensação: “Com 42 minutos, a torcida do Fla gritava “é campeão” e os tricolores iam saindo. Acho que Deus pensou: “Peraí, esses caras sofreram para c…, vou deixar que eles ganhem (risos)”.

O Flu daquela edição do Estadual ficou conhecido como “o time de operários”, por não ter nenhum jogador que chegava à competição badalado. A lista de titulares do jogo decisivo está aí. Em pé: Wellerson, Ronald, Sorlei, Márcio Costa, Lima e Lira. Sentados: Ailton, Djair, Renato Gaúcho, Leonardo e Rogerinho. Ainda havia na equipe nomes como Paulo Paiva, o meia Luís Henrique e o saudoso Ézio no elenco.

O Flu daquela edição do Estadual ficou conhecido como “o time de operários”, por não ter nenhum jogador que chegava à competição badalado. A lista de titulares do jogo decisivo está aí. Em pé: Wellerson, Ronald, Sorlei, Márcio Costa, Lima e Lira. Sentados: Ailton, Djair, Renato Gaúcho, Leonardo e Rogerinho. Ainda havia na equipe nomes como Paulo Paiva, o meia Luís Henrique e o saudoso Ézio no elenco.

Time do Fluminense na final

O Campeonato Carioca ainda foi temperado por uma “polêmica” curiosa entre atacantes: Renato Gaúcho, Romário e Túlio Maravilha brigariam pelo posto de “Rei do Rio”. No dia seguinte ao Fla-Flu decisivo, uma reportagem do “Globo Esporte” acompanhou a “busca” do atacante tricolor por Romário para tirar um sarro com o camisa 11. Ao fim, o herói do título tricolor dizia: “Infelizmente para os concorrentes, eles continuam sendo bons alunos. O mestre voltou!”.

Joel Santana foi o treinador que conduziu o Fluminense na esperada conquista do Estadual. Ele seguiu no clube até o fim do ano, levando a equipe até a semifinal do Brasileiro (quando foi eliminado para o Santos). No ano seguinte, aceitou o convite para assumir o Flamengo, onde também seria campeão carioca no ano seguinte.

O ano de 1995 abriu espaço para um reencontro entre Fla e Flu, desta vez no Brasileiro, no Estádio Amigão, em Campina Grande (PB). O Rubro-Negro já trazia o trio Sávio, Romário e Edmundo como referência. Mas, em partida na qual Romário pouco participou e Renato Gaúcho não atuou, os erros tomaram conta e prevaleceram tanto o 0 a 0 quanto as vaias das duas torcidas.