André recebeu de volta a camisa vendida na manhã deste sábado (Foto: Arquivo pessoal)

Aos 39 anos, o torcedor do Fluminense André Luiz, personal trainer, viu a renda ficar completamente comprometida por conta da pandemia do novo coronavírus interromper suas atividades. Então, decidiu vender algumas peças do clube que tinha para auxiliar no pagamento de contas. O que ele não sabia era que isso iniciaria uma onda solidária entre tricolores nas redes sociais.

— Sou um tricolor apaixonado. Coleciono peças do clube desde 1990, quando fui no meu primeiro jogo, nas Laranjeiras, aos 10 anos. Com a quarentena, fiquei praticamente sem renda de uma hora para a outra e precisei fazer alguma coisa para ajudar nas contas de casa. E decidi me desfazer de algumas peças para ajudar na economia da casa – contou.

 
 
 

Depois do anúncio das peças pelo WhatsApp, o tricolor e conselheiro Sergio Poggi repassou aos seus grupos. Em um deles, foi sugerido que os integrandes adquirissem a camisa grená para ajudar e depois fizessem um sorteio entre eles. Feita a vaquinha e comprada a camisa, foi organizada uma rifa de R$ 30 e espalhada entre tricolores. Em menos de uma semana, foi arrecadada uma quantia seis vezes maior que o valor inicial do manto.

Depois, o sorteado Denis Martins, que assim como outros torcedores dos grupos, havia se comprometido a devolver a camisa a André Luiz caso a ganhasse.

— Eu também coleciono camisas do Fluminense e fiquei pensando o quão angustiante deve ser para um torcedor ter que leiloar uma camisa que é icônica para nós tricolores. E me coloquei no lugar da pessoa que estava fazendo aquilo, que estava buscando recursos para dar um suporte em casa. Comecei a pensar nisso e decidi devolver a camisa se fosse o ganhador. No momento que estamos vivendo, acho que o mínimo de solidariedade que eu podia ter era participar e devolvê-la – contou Denis.

Surpreendido com a onda de soliedariedade dos tricolores e a arrecadação seis vezes superior à da venda inicial da camisa, André pegou parte do valor e comprou dez cestas básicas para doar. O uniforme, virará uma peça a ser recordada pelo resto da vida.

— Foi surpresa total. Não fazia a mínima ideia da rifa e do valor arrecadado a mais. Para mim, eu tinha vendido a camisa e estava tudo certo, feliz com a quantia arrecadada. O Denis me enviou um vídeo dizendo que devolveria a camisa a mim. Eu fiquei surpreso e muito feliz. Por toda atitude de solidariedade, vou emoldurar essa camisa e colocar um texto contando essa história, para ficar de lição para meus filhos, tricolores apaixonados também. E já que a solidariedade foi tão grande comigo, usei parte do dinheiro para comprar cestas básicas para doar, porque decidi vender as peças porque fiquei sem renda, mas Graças a Deus não estou passando fome. E devido a esta crise, muita gente não tem o que comer em casa. Já que fui agraciado com essa bondade, nada mais justo que retribuir também.

Mas os tricolores não irão parar por aí. Já se organizam para ajudar outra torcedora. Spercia Moraes está numa situação mais complicada que André. Julio Silva doou uma camisa branca de 2019 e Roberto Perrone organiza rifa.