Nobres tricolores,

 
 
 

Henrique Dourado superou qualquer expectativa e fez um 2017 espetacular. O melhor ano da carreira do limitado atacante. Mesmo que seu início de trajetória no Flamengo nos faça respirar aliviados por não tê-lo mais envergando nossa camisa, hoje seria útil pela escassez  de alternativas. Apesar da série de equívocos, quem comanda o futebol do Fluminense já identificou a carência no setor. Um centroavante, ou até dois, se João Carlos fechar, devem ser contratados.

A bola da vez é Kleber Gladiador. Quando escutei o nome pela primeira vez subi o muro sem pestanejar. Por lá fiquei e matutei. Demorei um dia para processar e após ler e ouvir opiniões de amigos formei a minha: é furada.

Considerei alguns aspectos e, entre eles, a pouca qualidade do plantel. Tecnicamente, Kleber não só comporia o elenco, como titularia. Mas com ele vem o pacote de lesões, cartões e fúria. Quando provocado, costuma revidar e já é um atleta marcado pela arbitragem. Aos 34 anos, acho difícil que se torne o jogador que um dia foi, mesmo que supervalorizado anos atrás, especialmente pela mídia paulista.

Aprovar a contratação do Gladiador apenas porque o elenco é fraco não faz parte do perfil do torcedor do Fluminense. Ou não deveria fazer. Não podemos nos contentar com o mais ou menos se o que nos entregam é ruim. É Fluminense! Os melhores precisam vestir o traje tricolor. No dia que me acostumar com mediocridade, largo de vez o futebol brasileiro, inicio meu processo pessoal de “nutelização” e passo a torcer pra time grande europeu.

Com salário baixo, contrato curto e por produtividade, poderíamos até fazer vista grossa. Mas se não representasse prejuízo financeiro e o técnico que, por conseguinte, nos traria déficit econômico? Quantos cartões seriam necessários para comprovar a tese? Quantas notícias de “Kleber sente a coxa e desfalca o Flu por duas semanas” leríamos ao longo da temporada?

Não há dúvidas de que, com essa turminha gente fina, Kleber seria apresentado como reforço de peso, cheio de pompas e salário alto. Li papo de R$ 280 mil mensais. Escárnio.

“Mas Leandro, você só critica, não sugere”. Não sou scout, não estudei para isso, mas de vez em quando me aventuro a indicar nomes e caminhos. Dúvida alguma de que o mercado sul-americano precisa ser atacado. Mas ao contrário de grande parte da torcida que adora qualquer um que fale algo diferente do português, Abel não me parece um entusiasta de gringos. Com auxílio do amigo radialista uruguaio, apresentei opções no país vizinho para algumas posições.

Mas se resta alguma incerteza de que o Brasil não produz mais camisas 9 em profusão, segue uma rápida pesquisa com os nomes dos centroavantes dos 20 clubes que disputarão a Série A neste ano. Não é difícil constatar que homem-gol está em falta. Os melhores nomes ou são inviáveis para o Flu ou estão machucados. Os que restam são medianos ou fracos.

Na lista, elucubrei todos os atacantes centralizados ou que já fizeram a função em algum momento de suas carreiras, casos de Rafael Sobis, Sassá e Rafael Marques, do Cruzeiro, Diego Souza, do São Paulo, Nico López, do Internacional e outros que vocês, com certeza, identificarão.

Porque apenas Série A? Penso que precisamos de um goleador para resolver. Qualquer nome que venha da Segunda ou Terceira divisões seria uma aposta. Desconsiderado, portanto. Abaixo:

BOTAFOGO
Rodrigo Aguirre
Brenner
Pachu
Kieza

FLAMENGO
Guerrero
Henrique Dourado
Felipe Vizeu
Lincoln

VASCO
Riascos
Andrés Ríos

CORINTHIANS
Júnior Dutra
Kazim

PALMEIRAS
Borja
Deyverson

SÃO PAULO
Diego Souza
Tréllez
Gonzalo Carneiro

SANTOS
Gabigol
Rodrigão

ATLÉTICO-MG
Ricardo Oliveira
Carlos
Clayton

CRUZEIRO
Fred
Rafael Sobis
Raniel
Rafael Marques
Sassá

GRÊMIO
Jael
Hernane
André

INTERNACIONAL
Leandro Damião
Nico Lopez
Roger
William Potker

AMÉRICA-MG
Rafael Moura
Judivan
Aylon

ATLÉTICO-PR
Bergson
Ederson
Ribamar

BAHIA
Edigar Júnio
Kayke

CEARÁ
Arthur
Élton
Romário

CHAPECOENSE
Wellington Paulista
Perotti

PARANÁ
Thiago Santos
Diego

SPORT
Leandro Pereira
Mikael

VITÓRIA
Jonatas Belusso
André Lima
Denílson

 

Lista publicada, a conclusão deste que vos escreve: não há unanimidade se qualquer um desses fosse contratado pelo Fluminense. Claro que Guerrero jogaria facilmente, Fred, Gabibol, Borja, Damião, Nico Lopez, Rafael Sobis, Sassá, Ricardo Oliveira, André, Tréllez… Mas são nomes, hoje, irrealizáveis pensando no poderio econômico do clube carioca e na mentalidade tacanha de seus gestores. O que sobra não leva ninguém ao aeroporto.

Provavelmente se fizesse levantamento com meias armadores, outra posição carente do plantel tricolor, o resultado seria similar. O nível do futebol praticado aqui decaiu, as agremiações de maior receita contratam os poucos bons que prestam. O que resta? Os países vizinhos.

O trabalho de scout do Fluminense não é uma ilusão. Ele existe. Tem profissionais lá. Se não são consultados ou não reúnem competência é um erro que precisa ser corrigido. Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai e Colômbia, principalmente, possuem um celeiro de jogadores de mesmo grau, ou até superior aos daqui e, peneirando bem, com valores praticáveis, é fazível reforçar de verdade.

Creio que o caminho seja esse. Do contrário, entraremos no círculo vicioso que essa diretoria tanto combateu: jogadores decadentes, caros e sem performar.

 

– Gum, Renato Chaves e agora Luan Peres.

– Vai gostar de contratar zagueiro da Ponte Preta lá em Campinas!

– João Carlos, 23 anos, Luan Peres, 23. Cadê os reforços experientes e vencedores?

– Falta uma semana para a estreia na Sul-Americana e o time é o mesmo.

– ACHO que Pedro é a bola da vez para sair no meio do ano.

– Não faz sentido contratarem João Carlos e Kleber. Teríamos três centroavantes.

 

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Um grande abraço e saudações!