3Você chegou a se profissionalizar como jogador do Fluminense. Como foi este início de relação com o clube?



Ricardo Perlingeiro – Eu tinha 18 para 19 anos, aí sofri um acidente. Fraturei a cervical e praticamente não deu para dar continuidade como jogador. Passei a buscar a carreira de treinador. Graças a Deus, estou em pé hoje. Consegui me recuperar, mas ainda havia o medo. Estourei a idade e comecei minha trajetória como treinador com 23 anos, na Itália. Cheguei a jogar em uns clubes menores por lá, mas depois mudei completamente o meu foco. Fiz todos os cursos de treinador, e já tenho até o certificado da Uefa.

Como foi sua trajetória na Itália nestes 15 anos?

 
 
 

– Eu cheguei na Europa em 1998 e comecei no Roma em 2005. O Bruno Conti me colocou como auxiliar e depois fui crescendo, trabalhei do infantil até os juniores. Fui também o diretor das clínicas do clube na Itália e no Brasil. Já dei clínica para mais de 3 mil crianças. Aí surgiu também essa oportunidade de trabalhar com o Juventus-ITA. Sou diretoria técnico do clube no Brasil há três meses. Consultei o Roma, e disseram que não havia problema. As clínicas começaram em São Paulo e teremos no Brasil inteiro.

 

Neste período, teve algum técnico que você trabalhou junto que te influenciou mais?
– No período em que estive no profissional, um treinador que eu achei de alto nível foi o Luciano Spalletti. Além dele, o Luiz Henrique (atualmente no Barcelona)… Mas o que mais se sobressaiu foi o Spalletti.

 

Você criou a Escola Europeia de Futebol com qual objetivo?
– Com o objetivo de passar para o Brasil a metodologia que aprendi durante todos estes 15 anos na Itália e estou tendo sucesso nas franquias. Há uns sete, oito anos, tive essa ideia. Abrimos uma franquia em Palmas-TO, e devemos ter uma do Juventus lá também. Também organizo intercâmbios internacionais de futebol. Em julho, teremos um curso internacional de futebol com o técnico do Sporting Lisboa sub-15, um técnico das categorias de base do Roma e o presidente da associação dos treinadores da região Lazio, na Itália, além de profissionais do Fluminense, como o Marcelo Teixeira e o Marcelo Veiga, para explicar nossa metodologia de trabalho.

 

Como o Fluminense reapareceu na sua vida, agora como treinador?
– Com essa experiência que tive, vim para o Fluminense há dois anos e meio. Já estava com vontade de voltar para o Brasil, aí o Marcelo Teixeira me chamou. Agradeço a confiança que ele, o Marcelo Veiga, o presidente Peter Siemsen e o Fernando Simone depositaram em mim.

 

De qual forma pretende colocar em prática no Flu o que aprendeu na Itália? Será uma forma mais europeia de formar atletas?
– Obviamente temos que adaptar. Lá existe uma organização, um planejamento muito bom fora do campo. Grande parte da metodologia consegui implementar para a garotada em Xerém. Estão absorvendo bem o trabalho. As pessoas às vezes perguntam se vou deixar os jogadores do Fluminense como os europeus, aí digo que não. Não vou tirar as características do atleta brasileiro, mas vou colocar um pouco de organização tática, que hoje em dia é fundamental. Queremos intensidade de jogo. No Fluminense, a garotada abraçou a ideia. Acho que vai melhorar a formação deles.

Tanto o Marcelo Teixeira quanto o Marcelo Veiga estão focando bastante nessa filosofia no Fluminense: intensidadede jogo, fair play, passes curtos, valorização da posse de bola e jogo objetivo, sem circulação com a bola sem finalizar.

 

Você teve a oportunidade de treinar o Gerson. Imagina que ele poderá ter sucesso na Europa no futuro?
– Há dois anos e meio, ele estava comigo. Fomos campeões da Taça Rio invictos, ficamos sem perder de julho de 2012 a dezembro. Deste grupo, o Gerson que subiu para o profissional. O forte dele é a personalidade, além da técnica diferenciada. Nunca tive problema com ele, sempre foi muito trabalhador. Tem tudo para dar certo. Taticamente já está com meio caminho andado.


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