Através de seu site “Estratégia & Consultoria”, Jackson Vasconcelos torna a fazer um post sobre o Fluminense. Nele, o ex-diretor geral do clube nega ter sido o “presidente de fato” do Tricolor durante o primeiro mandato de Peter Siemsen, se diz torcedor do Time de Guerreiros e faz muitos elogios ao atual presidente. No fim, alfineta o grupo político Flusócio. Confira:

 

 
 
 

Peter Siemsen, refém de quem?

Estou há bastante tempo distante da política do Fluminense e de qualquer outro assunto do clube, que não sejam os jogos do time, porque, embora doe a alma de alguns torcedores que estão na política de lá, permaneço torcedor do Fluminense. A minha relação profissional com o clube me fez torcedor. Antes de 2010, o futebol esteve ausente da minha vida pessoal.

Volto a escrever sobre o Fluminense, porque há por lá no momento, campanhas para presidente e vez por outra chegam por aqui recados e comentários, que mostram que não fui esquecido. Para o bem e para o mal.

Eu participei das duas últimas campanhas. Na primeira, elegemos Peter Siemsen e na segunda, o reelegemos. Participei da primeira como profissional convocado e remunerado para fazer o serviço. Na segunda estive como voluntário, porque, espontaneamente, me afastei das funções executivas e dispensei o candidato de pagar pelos meus serviços como estrategista da campanha.

Peter Siemsen foi reeleito porque fez um primeiro mandato brilhante, transformador. Do segundo tenho poucas notícias, mas uma excepcional: anda a todo vapor a construção do CT, menos por esforço do Peter, mais pela máxima cristã que identifica Pedro Antônio: “Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração”.

Mas, por lá há quem diga, neste tempo de campanha, que o Peter Siemsen foi, no primeiro mandato, refém da minha influência. Quem diz isso não conhece o Peter, apesar de proximidade que tem com ele de tempos antes de mim.

Peter Siemsen nunca foi refém de mim nem de ninguém. Talvez isso incomode quem sempre quis tê-lo nesse papel. Eu convivi intensamente com Peter na campanha de 2010, no mandato inteiro iniciado naquele ano, na campanha de 2013 e nos primeiros meses do segundo mandato.

Peter Siemsen é e sempre foi refém da paixão dele pelo Fluminense e ela produzia decisões, muitas vezes para o bem, poucas vezes para mal, como acontece nas situações em que a paixão interfere. E nisso está o grave problema da gestão dos clubes de futebol no Brasil, causa do “O Jogo dos Cartolas”, que escrevi e consegui publicar quando deixei o clube.

Peter Siemsen é um obstinado defensor do futuro. Sou testemunha das brigas alucinadas dele, quando entendia que o futuro do Fluminense seria prejudicado no campo, na Receita Federal – que agora tem um candidato à cadeira do Peter – na CBF, na Federação, no Conselho Diretor, no Conselho Fiscal, no bar do tênis ou no botequim da esquina.

Peter recriou o futebol de base. Deu dignidade e técnica a Xerém. Recuperou a história de glórias do time para dar honras aos torcedores do presente. Conquistou o terreno que serviria de base para o trabalho obstinado de outro torcedor que tem qualidades pessoais exemplares: Pedro Antônio Ribeiro da Silva.

Peter Siemsen patrocinou mágoas, porque com o tempo tornou-se político e como todo político, aprendeu que nesse ambiente a palavra conveniência dá sentido nulo à palavra traição. Traição conversa com o coração e com a alma. A conveniência com o cérebro, com a estratégia, com o jogo duro do poder.

Certamente – tomara que sim – a participação do homem que deixará a Presidência do Fluminense em dezembro no processo que escolherá o sucessor dele, tenha relação com as melhores conveniências para o clube, doa a quem doer. Caso não, Peter terá diante dele outra verificação importante para quem traça estratégias na política. Uma observação que faz a historiadora Barbara Tuchman no livro “A Marcha da Insensatez”: “Fenômeno observável ao longo da História, que não se atém a lugares ou períodos, tem sido o da busca, pelos governos, de políticas contrárias aos seus próprios interesses…”.

Caso Peter Siemsen por ação ou omissão entregar a Presidência do Clube aos que sempre quiseram tê-lo como refém, verá o time pagar o preço caro de perder a chance ao futuro que o próprio Peter idealizou.

Por Jackson Vasconcelos