(Foto: Divulgação/FFC)

Em entrevista exclusiva ao NETFLU, o oftalmologista da Casa d Saúde São José, Luiz Roisman, explicou com detalhes o que é a diplopia, problema na vista que acelerou a aposentadoria do ídolo Fred dos gramados.

O profissional de saúde destrinchou a doença, suas causas, se há uma cura para o problema e muito mais na entrevista ao portal número um da torcida tricolor.

 
 
 

Confira, na íntegra, o papo:

NF: Qual é exatamente o problema do Fred?

LR: O olho movimenta para os lados, para cima, para baixo porque possui seis músculos ao redor. O que o Fred tem é que um desses músculos não está funcionando de forma adequada. Então, os olhos não conseguem fazer essa movimentação em conjunto e isso gera uma visão dupla. E isso é desconfortável, ainda mais para um atleta que exige precisão. Esse que é o grande problema dele: o estrabismo que gera diplopia (visão dupla), embora nem todo estrabismo quase isso.

NF: Tem cura?

LR: Pode ser tratado. Se eu não me engano, ele já chegou a fazer uma cirurgia. Tem vários tipos de estrabismo, que você corrige com óculos e com cirurgia. Quando a cirurgia não é 100% eficaz, você pode tentar corrigir de outra forma, com óculos especiais que a gente chama de prisma. A cirurgia tem um nível de imprecisão que não necessariamente vai “curar”.

NF: Quais as causas? Poderia ter sido por conta de impacto durante os jogos?

LR: Tem diversas causas. Pode ser espontânea. Além dos seis músculos que têm para movimentar o olho, eles têm três nervos que dão esse estímulo pra eles. Essa informação no nervo, que pode ter sido o caso do Fred, pode ter sido um impacto, uma cabeçada, gestos e batidas repetitivas, que pode ter levado a perda do movimento do nervo ou músculo, devido a uma lesão ali na região. São várias causas que fazem o nervo deixar de funcionar e, por consequência, a estrutura que ele enerva. Imagino que ele tenha feito um estudo de imagem da cabeça para saber se não teve nada, porque pode ter sido até pós-viral.

NF: Surpreendeu ele ter feito gol contra o Corinthians nessas condições?

LR: Com certeza. O futebol é um esporte até mais grosseiro, mas para um tenista seria até mais difícil, porque você perde a profundidade. Me surpreende o fato dele ter entrado e jogado um tempinho. Imagine você ver dois jogadores, duas bolas, duas balizas. É complicado. Foi um grande feito.

NF: Existiria a possibilidade dele seguir jogando se ele tivesse 25 anos, por exemplo? Como poderia acontecer?

LR: Poderia sim, mas demandaria muito esforço com óculos ou lente, já que ele fez a cirurgia. Fosse um atleta de 25 anos, a vida estaria resolvida caso essa solução ajudasse, no lugar da cirurgia. Mas não teria como garantir. Uma terceira alternativa que eu nunca vi um atleta dessa forma, seria ocluir um olho. Ou seja, usar um óculos com uma lente fechado, enxergando apenas com um olho só. É mais confortável ele enxergar com um olho só do que com os dois olhos de forma duplicada. Ele perderia a diplopia, mas também teria um déficit de profundidade. Se você andar na sua casa com um dos olhos fechados, terá dificuldades em descer a escada, botar água no copo, acertar as coisas no cesto de lixo…