O presidente do Fluminense, Pedro Abad foi alvo de condução coercitiva, em dezembro do ano passado, na “Operação Limpidus”, que investiga a ligação de dirigentes cariocas com as torcidas organizadas para repasse e revenda de ingressos com ágio por parte de cambistas. Membros de uniformizadas do Flu chegaram a ser presos, assim como os então funcionários do clube, Artur Machado e Felipe Dias – que foram soltos 24 horas depois. A denúncia, que partiu do Ministério Público, segue sendo apurada. O NETFLU teve acesso a informações que dão conta de que o mandatário tricolor, assim como os ex-funcionários, prestaram depoimento na última terça-feira, no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Procurada pelo site número 1 da torcida tricolor para falar sobre o tema, a assessoria institucional do Fluminense disse que o presidente do clube não se manifestaria, já que o processo em questão está sob Segredo de Justiça. O portal também questionou se o Fluminense poderia sofrer algum tipo de punição, mas a resposta foi a mesma.

 
 
 

Fora os 200 bilhetes em seis jogos no Maracanã, o clube, num momento de crise, ainda bancou o aluguel de dois ônibus para levarem integrantes da Young Flu, Força Flu e Fiel Tricolor para Minas Gerais, onde o Fluminense enfrentou o Cruzeiro. O valor gasto foi de R$ 10 mil. As companhias de transportes foram indicadas pelas próprias Organizadas, cujos assentos foram divididos por seus integrantes.

Os tíquetes oferecidos ainda eram de meia-entrada, sem que fosse necessária a comprovação necessária para a concessão do benefício. O valor dos bilhetes eram lançados nos relatórios financeiros dos jogos, cabendo ao Tricolor o pagamento dos mesmos e o recolhimento dos impostos devidos.

Alvo de muitos críticas na época em que admitiu cessão de ingressos para torcidas organizadas, o presidente Pedro Abad enviou uma carta para alguns de seus principais colaboradores e funcionários neste sábado. O conteúdo dela fora divulgado, em primeira mão, pelo NETFLU. Nela, ele explicava os motivos de ter tomado tal decisão, assumindo toda a responsabilidade. Além disso, reconhece que o clube pode ser penalizado por descumprir regras, como por exemplo as previstas no TAC (Termo de Ajuste de Conduta), no que tange a distribuição de bilhetes para uniformizadas.

Confira na íntegra:

“Demorei um pouco para vir aqui porque ontem o dia foi pesado. Precisava descansar um pouco e agora faço alguns esclarecimentos ao grupo.

Os motivos pelos quais fiz a ação de destinar os ingressos para as TO já foram explicados no vídeo que colocamos no ar.

Existem ações que são polêmicas e que, se explicitadas, tornam-se inexequíveis, pela repercussão. O que foi feito é uma delas. Eu detenho o poder de decidir e, muitas vezes, isso é exercido de forma solitária, recaindo sobre mim o ônus e o bônus da escolha. O bônus foi ter melhorado nossa arquibancada e termos feito 7 pontos em 3 jogos. O ônus, muito maior, foi ter vivido o dia de ontem e ver pessoas se afastando. Não ter trazido para ninguém essa decisão visava poder de fato tomá-la e operacionalizá-la, bem como não expor os demais ao ônus dela.

Pra mim, como tem sido a tônica desse ano, sobram as ofensas, a exposição midiática e, dessa vez, possíveis consequências penais. Faz parte. Um dia, a gente chega num lugar bom e o sacrifício valerá a pena.

Espero que entendam minha posição: foi na tentativa de preservá-los e poder, efetivamente, fazer o que achei melhor para o nosso clube. Como sempre fui sincero, digo que se, precisar fazer algo que julgue melhor para o clube sem avisar, vou fazer. Óbvio que me aconselho com pessoas de confiança, mas a decisão é minha.

Ao Filipe Dias, obrigado por ter sido leal. Fiz questão de assumir perante as autoridades a responsabilidade e colocá-lo, junto do Artur, como executores de uma ordem minha.

Abraços a todos.”